O vereador Ney Lopes Júnior (PSD) é um aliado fiel.
Mesmo depois de desavenças pretéritas com o prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PDT), virou seu parceiro número 1 quando, numa articulação iniciada pelo ex-vereador Júlio Protásio (PDT), foi indicado líder de Carlos Eduardo na Câmara.
De tão fiel, Ney Júnior muda, nas entrevistas que dá, o sentido da palavra “saque” para “transferência”.
Para Ney Júnior, o prefeito não vai fazer saques na conta da Previdência do Municipio para pagar salários de aposentados e pensionistas.
Vai fazer transferências, de 15 milhões por mês, da conta da Previdência para as contas dos aposentados e pensionistas.
Para Ney Júnior, “saque”, como fez o governo do Estado, é pejorativo, muito embora o sentido, nos dois casos, de Governo e Prefeitura, seja o mesmo: reduzir a cada mês o caixa da Previdência.
Pejorativo, segundo Ney, no sentido que fala a oposição.
Então ficamos combinados: para a situação é transferência, e para a oposição, saque, o fato da Prefeitura retirar 15 milhões todos os meses da conta da Previdência, até fevereiro de 2018.
Mas, o projeto da Prefeitura que será votado hoje em primeiro turno, já que ontem foi aprovado o regime de urgência para a matéria, garante a reposição das “transferências” a partir do ano de 2020.
Para Ney, garantias que o Governo do Estado não apresentou no projeto que, mesmo assim, foi aprovado pela oposição mais ferrenha ao governo na Assembleia Legislativa.
Ao Blog o vereador confirmou que a Prefeitura recolheu dos salários dos servidores mas não repassou para a conta da Previdência que hoje tem um déficit…
Mas o que é ilegal, para o vereador, que é advogado, é explicável.
E se torna legal?
Para Ney Júnior, o fato de não cumprir a lei para garantir o cumprimento da gestão, tira a Prefeitura da ilegalidade.
Questionável ainda, mas a resposta, convença os meios jurídicos ou não, é do melhor aliado que o prefeito Carlos Eduardo pode ter, e que o governador Robinson Faria perdeu.
O que não fica muito fácil do líder do prefeito na Câmara convencer é o teor político de toda essa polêmica.
Diante do uso de recursos da Previdência para quitar a folha dos aposentados e pensionistas do Estado, o prefeito disse em várias entrevistas que o governador Robinson Faria estaria praticando um “crime”.
Agora, para pagar a aposentados e pensionistas em dia, o prefeito recorre à mesma fonte que Robinson recorreu.
O governador com o aval total e irrestrito da Assembleia Legislativa.
O prefeito com o aval da Câmara, que hoje vota a matéria em primeiro turno, e pela maioria que o prefeito tem na Casa, será total e irrestrito.
Moral da história:
Nunca diga nunca…
Nunca aponte o dedo…
E nunca diga que dessa água não beberá.