28/08/2008
Tucanos detonam Garibaldi
[0] Comentários | Deixe seu comentário.Vizinho aqui dos potiguares, o senador cearense Tasso Jereissati virou porta-voz dos insatisfeitos e detonou o senador-presidente potiguar Garibaldi Filho, por causa das medidas provisórias editadas pelo governo e postas em votação pelo presidente do Senado.
Leia o texto publicado na Folha Online:
TUCANO CHAMA GARIBALDI DE “COVEIRO MORIBUNDO DO SENADO”
Irritados com o excesso de medidas provisórias na pauta do Senado, parlamentares da oposição partiram para o ataque nesta quarta-feira contra o presidente da Casa, Garibaldi Alves (PMDB-RN). O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) chegou a afirmar que Garibaldi é o "coveiro do moribundo do Senado" quando decide colocar em votação as MPs editadas pelo governo.
"Está na hora de Vossa Excelência parar de falar no jornal e reagir. Reagir como presidente desta Casa, reagir ao defender a honra desta Casa, defender a dignidade e a existência desta Casa. Se Vossa Excelência continuar a falar pelos jornais e não fizer nada de concreto, estará sendo coveiro deste moribundo Senado que está acontecendo aqui agora", disse Tasso.
O tucano afirmou que ficou "irritado" ao receber um telegrama da presidência do Senado com a convocação para retornar a Brasília para as votações, mas acabou se deparando apenas com MPs na pauta da Casa. No total, cinco MPs trancam a pauta de votações do Senado esta semana.
"Para que é que nos envia telegrama para virmos para cá para fazermos o papel de palhaço, que estamos fazendo aqui, simplesmente aprovando, passando um jamegão, sem nem sequer estudar as MPs? É por causa disso que o Senado está moribundo, e se não tomarmos uma providência, nós acabaremos é enterrando o Senado Federal."
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), criticou a condução dos trabalhos da presidência da Casa por Garibaldi. Na opinião de Virgílio, o peemedebista presta um "desserviço à democracia" quando usa "linguagem infantil" para se referir aos trabalhos legislativos.
Os tucanos ficaram irritados com entrevista concedida por Garibaldi na qual o senador afirma que o Senado está "moribundo" e em "extrema-unção" diante da paralisia dos seus trabalhos.
"Não estou nem um pouco satisfeito com a condução que Vossa Excelência imprime a esta Casa, a partir de frases como: \"eu faço o que povo quer\". Vossa Excelência não se elegeu presidente da Casa para fazer o que o povo quer. Se elegeu para fazer aquilo de que a Instituição precisa. Se elegeu para fazer aquilo de que a instituição carece do ponto de vista da sua reafirmação institucional", disse Virgílio.
Calado, Garibaldi ouviu o desabado dos parlamentares sem reagir aos ataques. O presidente do Senado permitiu que todos os senadores inscritos para discursar falassem por mais de uma hora sem se manifestar sobre as críticas. Até agora, o senador mantêm-se em silêncio.
O senador Mário Couto (PSDB-PA) disse que os parlamentares "perderam a paciência" com a postura de Garibaldi, uma vez que ele defende publicamente a redução das MPs, mas as coloca em votação no plenário.
"Os senadores lhe querem bem, presidente, mas nós perdemos a paciência. Não deixam mais nenhum senador trabalhar. Mostre a sua independência. Mostre o seu poder. Mostre, nós estamos ao lado de Vossa Excelência. Devolva agora qualquer medida provisória inconstitucional que venha a esta Casa", defendeu Couto.
A oposição argumenta que o governo federal só pode editar medidas provisórias sobre temas "urgentes e relevantes", mas na prática usa o mecanismo para enviar ao Congresso diversas decisões que poderiam ser encaminhadas via projetos de lei.