25/02/2010
As Malas e os Malas da vida...
[0] Comentários | Deixe seu comentário.Em tempos onde, diante das articulações, muitos aparecem com a solução mágica...
Fiquem com a bela crônica do jornalista Rubinho Lemos, publicado em seu blog, enquanto eu vou ali...
Torcendo para não encontrar um.
UM MALA PRA CHAMAR DE SEU
www.rubenslemos.com.br
O neologismo informal criou “O mala”, que substitui o chato de galocha de antigamente. “O mala” é o oposto “Do Cara”, aquele que a gente chamava de Fodão ou, mais recentemente, de “O pica”, o que sabia tudo, comia todas, e ainda jogava pra caralho.
O Mala é uma invenção tão importante quanto a luz, com a vantagem(pra ele), de não ser desligado com um toque no interruptor. O Mala foi criado para nunca pifar. Nunca deixar de dizer besteira, de se intrometer, nem de se exibir, de ostentar.
Vejo-me, muitas vezes, como um solitário observador de bagageiro, dado o desfile de peças raras todas as horas, à minha frente. Alguns sentam ao meu lado, outros me telefonam, a cobrar, preferencialmente, uma prerrogativa primordial, do Mala.
O Mala que é Mala é arrogante. Humilha o garçom, a empregada doméstica, o motorista, o peão. O porteiro, a parteira, o pipoqueiro. E se lambuza da própria baba pavorosa de puxa-saco diante dos poderosos. Tem sempre dois minutos a pedir. Para cochichar idéias vantajosas(pra ele), cortejando os potentados com um olhar de vira-lata. E um caráter de centopéia.
O Mala que é Mala é satírico. É dele a melhor solução, mesmo que no idioma rebuscado a cada mugido genial. Você conhece um Mala, dos Malas, quando ele levanta um dos braços teatralmente significando o que ele representa(nada), gira a cabeça vislumbrando os sofredores que o escutam e, solene descarrega: “Olhe, eu acho que assunto tal poderia ser melhor resolvido assim...”
No geral, o Mala sugere algo como apagar incêndio jogando querosene no fogo, unir uma equipe intrigando uns aos outros, amenizar a dor de uma ferida aplicando éter em cima.
O Mala senta-se à mesa onde não é chamado. O Mala chega sem ser convidado. O Mala ensina piloto de avião a pilotar, engenheiro a fazer obra, médico a clinicar, dentista a obturar, político a conchavar, orador a discursar.
Mala que é Mala não tira o plástico da bancada do carro comprado a crédito e tomado seis meses depois pela financeira. O Mala que é Mala pede o ingresso do show caro, vai sem um tostão e ainda aparece na coluna social.
Mala, aquele que é Mala, mesmo, abre a mala(do carro) e põe forró ou axé bem alto na madrugada do sono sagrado. O Mala, Mala, conta a viagem que fez em detalhes, omitindo, claro, o cartão de crédito que não passou porque o limite estourou.
O Mala, legítimo Mala, líder do movimento Malista, não deveria ir num caixão, mas numa mala. Se não coubesse, seria levado a um açougue e fatiado pro enterro.
Vou parar. É o celular.
É O Mala. Esse é o dos Malas.
Tenha um mala pra chamar de seu.