25/04/2011
TAM se prepara para engolir a LAN, a TAP e a TRIP
[0] Comentários | Deixe seu comentário.E para quem acha que a TAM é um grande problema, é bom ir se preparando.
Pois o grupo se prepara para engolir três empresas aéreas: a Lan, a Tap e a Trip.
Eis as declarações de Marco Antônio Bologna:
O GLOBO - Como está o processo de fusão com a LAN? Já houve efeito prático?
MARCO ANTONIO BOLOGNA - Por enquanto, nenhum. O Tribunal de Defesa do Chile proibiu os atos de fusão enquanto não terminar sua análise e, a pedido de uma associação de consumidores, realizará audiências até o fim do mês para discutir os reflexos da operação, principalmente na linha Santiago-SP. No Brasil, deverá coincidir com a aprovação do Cade. Depois disso, temos outro caminho crítico, que é a aprovação dos acionistas não-controladores das duas companhias. No caso da TAM, vamos fazer uma oferta pública na Bolsa para que os minoritários possam trocar as ações da TAM pelas da Latam, numa relação de troca favorável, terá um prêmio. A gente vai solicitar a adesão de 95% desses acionistas, que têm 54% do capital (46% são da família Amaro). Se eles não quiserem, o negócio não sai.
O GLOBO - Por quê?
BOLOGNA - Porque teremos que comprar a participação daqueles que não aceitarem o fechamento de capital. É muito dinheiro, pois a TAM vale na faixa de US$3 bilhões a US$3,5 bilhões. Do lado da LAN, temos que ter adesão de 97,5%. Temos que realizar essas duas grandes operações para consumar a fusão. A gente prevê que isso aconteça no quarto trimestre de 2011.
O GLOBO - A criação da Latam afetará os empregos na TAM?
BOLOGNA - Temos 18 mil funcionários na LAN e 28 mil na TAM. Não haverá impacto na tripulação, com a conectividade da malha, teremos mais voos (em dez anos, mais 450 aviões). O único lugar onde haverá algum impacto é em Guarulhos, onde as duas operaram. Mas queremos ampliar os voos para Miami e Buenos Aires e vamos precisar de mais gente. O impacto maior será na administração.
O GLOBO - O governo trabalha para elevar de 20% para 49% o limite de participação estrangeira nas aéreas. Como isso pode influenciar no acordo com a LAN?
BOLOGNA - Os direitos de voto da família Amaro serão no montante necessário para atender à lei atual, 80%. Se a legislação mudar para 49%, a família terá 51% do direito a voto e, se depois virar zero, a gente adapta.
O GLOBO - A TAM tem interesse na TAP?
BOLOGNA - Estamos acompanhando a situação da TAP, que não tem saída, a não ser que seja privatizada. A gente vai se manifestar quando o governo português lançar o edital de privatização. O nosso foco hoje é fazer a Latam (sair do papel), não tenho dúvida de que será a primeira operadora em voos na América do Sul, a segunda no mercado americano e a quarta na Europa.
O GLOBO - Mas qual a importância estratégica da TAP no Brasil?
BOLOGNA - A TAP, a partir de Lisboa, atende a dez cidades brasileiras. Criou um tráfego que é um negócio que tem que se olhar. Quem vai ficar com esse tráfego (após a privatização)? Estão vindo nossos amigos árabes, que têm capital e petróleo e não pagam impostos.
O GLOBO - A TAM vai comprar a Trip?
BOLOGNA - Vamos comprar 31% de participação na Trip, que, desde 2004, tem acordo de code share (compartilhamento de voos) conosco. Estamos trabalhando sobre os números. A Trip atua nos mercados regionais e a TAM nos grandes, com aviões maiores. Cerca de 70% do movimento está concentrado em 14, 15 aeroportos, temos que expandir em outros mercados. Em dois meses, anunciaremos o valor e o fechamento da operação.