08/10/2011
Fábio Hollanda: de juiz eleitoral a político; de julgador a julgado
[0] Comentários | Deixe seu comentário.O que faria um advogado, no segundo mandato de juiz eleitoral, que tinha na sua rotina julgar casos e casos da política, como pedidos de cassações de prefeitos, pular para o outro lado do campo, renunciar a 8 meses que ainda lhe restam do mandato no Tribunal Eleitoral, e se filiar a um partido político?
Foi assim com o advogado Fábio Hollanda, juiz eleitoral do TRE, que ontem renunciou alegando 'motivos pessoais', e como o Blog informou em primeira mão, se filiou ao PR. Se filiou e assumiu o comando do partido em Natal.
Thaisa Galvão - Candidato?
Fábio Hollanda - a vereador não, a prefeito pouco provável e a vice, vai depender.
Thaisa Galvão - De quê?
Fábio Hollanda - Minha intenção é formar um bloco com o PR, o PMN, o PP, o PTB e vamos tentar buscar o DEM em torno de uma candidatura majoritária.
Thaisa Galvão - A política já era um sonho antigo?
Fábio Hollanda - Já. E fui fundador do PSDB no Rio Grande do Norte e agora estou nessa posição de tentar criar um grupo para ter uma postura forte para ajudar Natal. Um grupo com ética, com pessoas jovens, experientes, para ajudar Natal a sair da dificuldade. Nós temos o presidente da Assembleia, deputado Ricardo Motta, o deputado federal João Maia, os estaduais Raimundo Fernandes e Antônio Jácome, temos vereadores, e esse grupo vai influenciar na escolha do próximo prefeito de Natal. Temos ainda uma boa nominata do PP que deverá eleger uns 6 vereadores com possibilidade de fazer o presidente da Câmara. Então, a partir de agora vamos seguir o caminho da esperança, pregando que o eleitor de Natal não tem mais o direito de errar. Nós não aguentamos mais 4 anos com essa falta de planejamento e essa falta de um elo republicano entre o poder público e o povo. Precisamos de menos profissionais da política.
Thaisa Galvão - Então vocês vão formar um bloco de oposição à prefeita Micarla de Sousa?
Fábio Hollanda - Se depender de mim e do PR, estaremos distantes da prefeita Micarla de Sousa. Esse bloco não quer a prefeita.
Se depender de mim e do PR, estaremos distantes da prefeita Micarla de Sousa.Thaisa Galvão - Esse é o sentimento dos outros partidos que integrarão o bloco? Fábio Hollanda - É, tanto do PR quanto do PMN. Não sei o PP, mas sei que o PP vai ficar conosco. Vamos ainda tentar trazer o DEM, sob a liderança da governadora Rosalba Ciarlini. Thaisa Galvão - O PSD fica fora? O partido não teria uma afinação com o PMN? Fábio Hollanda - O presidente Ricardo Motta ainda vai ser reconhecido pelo vice-governador Robinson Faria como um aliado. Motta tomou uma decisão institucional porque não dava para o presidente da Assembleia ser liderado de um secretário de Estado apesar dele ser vice-governador. Nós vamos fazer de tudo para reaproximar e o grupo quer o PSD. Eu mesmo tenho admiração pessoal pelo vice-governador Robinson Faria. Thaisa Galvão - Você fala em possibilidade de ser vice. Então se o grupo já tem um vice, certamente já tem o candidato a prefeito. Quem? Fábio Hollanda - Ninguém é candidato a vice. É indicado. Mas vejo bons nomes e eu exemplifico dois: o deputado federal Rogério Marinho (PSDB) e o deputado estadual Hermano Morais (PMDB). Rogério tem demonstrado equilíbrio, amadurecimento, postura de líder. Tem condições de debater problemas de Natal. O deputado Hermano também, ele não tem a experiência de Hermano, mas está numa conjuntura altamente favorável, pois o PMDB hoje é uma grife. Se o PMDB mantiver a candidatura de Hermano nós vamos procurar o partido. Natal não pode errar, tem que dar o tiro certo, ou então nós chegaremos à Copa com esse sentimento de 1vamos deixar passar o bonde da história'. Nós não podemos pensar Natal sem pensar a Grande Natal, veja que não existe plano diretor nas cidades vizinhas e as pessoas estão deixando de veranear em Pirangi por causa do trânsito. Como vamos chegar ao aeroporto de São Gonçalo? Tudo isso faz parte de um planejamento de Natal. Thaisa Galvão - Você sabe que, por ter sido juiz eleitoral, a decisão de passar para o outro lado da política, não a que julga, mas a que é julgada, fará muita gente questionar sua postura como magistrado. Você já teria um lado político no papel de juiz? Você sabe que isso será posto em debate... Fábio Hollanda - Eu julguei os processos mais importantes e mais polêmicos dos últimos 3 anos como os pedidos de cassação dos prefeitos de Mossoró, Guamaré, São José do Seridó, Parnamirim. Julguei a criação do PSD. Em todos eles a sociedade aplaudiu minha posição. Eu mudei o Regimento Interno do TRE e o presidente que antes não votava, agora vota. Me diga o nome de um juiz que me antecedeu que teve a postura crítica e de debate que eu tive, Tanto que e o TSE referendou os resultados de minhas decisões. Foi contrário só em Angicos, mas depois voltou e passou a valer a minha decisão. Em Acari também o TSE foi contrário, mas já existe um posicionamento que vai referendar o que eu julguei. Tem um parecer da Procuradoria Geral da República Eleitoral no sentido de referendar meu entendimento e cassar o prefeito. Thaisa Galvão - Você julgou favorável o pedido de cassação do prefeito de Acari, acusado de abuso de poder econômico na campanha (compra de votos). E agora, do outro lado da história, como presidente do PR, como fica a relação com o prefeito Antônio Carlos (Tom), que é do PR? Fábio Hollanda - Como juiz fui imparcial e a atitude do candidato não era a que eu defendia como juiz. Como político, agora na condição de correligionário, vou avaliar o prefeito como administrador, como homem público, vou analisar suas relações com o povo, com a família... Thaisa Galvão - Então o fato de você passar de juiz a julgado não lhe trará problemas... Fábio Hollanda - Sempre fui imparcial, evitei o ilegal, mas também evitei a proibição pela proibição, apenas. Essa postura me credencia à sociedade de Natal avaliar o juiz e o político Fábio Hollanda, que sempre teve o propósito de tornar a política mais sadia, mais ética. Vamos acabar com essa história de que a política não é uma atividade nobre e não é para os bons. Nós precisamos é tirar os maus.
Vamos acabar com essa história de que a política não é uma atividade nobre e não é para os bons. Nós precisamos é tirar os maus