30/06/2012
Caso Mução merece reflexão
[0] Comentários | Deixe seu comentário.O radialista-humorista Mução está solto. Sua prisão durou pouco menos de 48 horas, o suficiente para apresentar e ver acatada sua inocência. O irmão Bruno apareceu, prestou depoimento, confessou que o material pornográfico envolvendo crianças encontrado nos computadores de Mução eram de responsabilidade dele, que usava os equipamentos, e mais: dispunha da senha do irmão famoso para participar do que foi denominado rede internacional de pedofilia, e que rendeu a prisão, pela Polícia Federal, de 32 pessoas sendo 9 em São Paulo, 5 no Rio Grande do Sul, 5 em Minas Gerais, 5 no Rio de Janeiro, 3 no Paraná, 2 no Maranhão, uma no Espírito Santo, uma no Ceará e uma na Bahia. O caso de Mução merece reflexão. Quantas e quantas vezes a condenação chega antes do julgamento... E isso vale para qualquer assunto. O caso da Escola Base, em São Paulo, parece ter sido esquecido, e não serviu de exemplo, pelo menos para os mais jovens. Relembrando: A escola particular foi fechada em 1994 sob acusação contra o casal proprietário de ter praticado abuso sexual contra uma aluna. Depois da cobertura parcial e condenatória da imprensa, e de atitudes precipitadas do delegado que acompanhava o caso, supostamente causadas pelo efeito midiático das manchetes de jornais...a inocência do casal foi provada. Mas aí eles já estavam condenados pela sociedade e a escola nunca mais foi aberta. Vidas acabadas... A prisão de Mução, como a prisão de A, B, ou C, em quaisquer casos, merece o destaque da imprensa, sim. Mas, a notícia. Noticiar o fato é dever do jornalismo, faz parte do dia-a-dia da imprensa, da transparência. Mas a notícia, sem o caso julgado, não necessita da dose cavalar de opinião própria. A indignação pessoal muitas vezes precisa ser contida. O riso no canto da boca muitas vezes não pode sair do canto da boca para as páginas, para as telas de computador. Paciência é preciso. Sem, claro, abandonar a responsabilidade de noticiar. Escola Base, Mução, e muitos outros casos. O que existe hoje, e que se ensina aos novos que surgem no jornalismo, é que quanto mais rápido você mostrar sua indignação, melhor posicionado você fica no ranking dos maiores e melhores da imprensa do planeta. Não. Vale o quanto mais rápido você apurar e noticiar. A indignação vale, claro, mas sem o julgamento antecipado. Este, na hora certa, cabe à justiça.