24/01/2014
Em Mossoró, José Agripino disse que acredita no retorno de Cláudia Regina à Prefeitura
[0] Comentários | Deixe seu comentário.O senador José Agripino, presidente nacional do DEM, foi o convidado de hoje na casa de praia do casal democrata-peemedebista de Mossoró, deputado Leonardo Nogueira (DEM) e ex-prefeita Fafá Rosado (PMDB).
Agripino foi a Tibau para um encontro de verão, regado a conversas políticas.
Deu entrevistas à imprensa mossoroense e deve pautar o noticiário político desta sexta-feira.
A entrevista foi concedida antes da decisão do TRE de afastar a governadora Rosalba Ciarlini do cargo.
Eis a entrevista de Agripino publicada no blog do jornalista Carlos Scarlack:
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O DEM dará legenda para que a governadora Rosalba Ciarlini dispute o Governo do Estado?
Democrata quem é? É governadora, é o senador José Agripino, é o deputado Felipe (Maia); é o deputado Getúlio, é o deputado Zé Adécio, é o deputado Leonardo Nogueira, são os prefeitos. Eles é que vão responder, não sou eu. Quem vai responder a essa pergunta é o interesse do partido, que vai se reunir na hora certa, para em função dos seus objetivos, definir qual vai ser o caminho do partido. Se vai ser a candidatura própria, ou se vai ser aliança com outros partidos, a exemplo do que vai acontecer no plano nacional. A mesma coisa. O que vai ocorre no plano nacional, vai ocorrer aqui no plano estadual. Quem vai falar pelo partido não é o presidente do partido. O presidente do partido será uma voz no meio de várias que vão se manifestar. E quem é o foro próprio para definir isso, é a convenção do partido. Nacional e estadual.
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E as vozes do DEM, dizem o quê?
Não dizem nada. Não foram consultadas ainda.
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Mas, informalmente...
Nem extraoficialmente, pois quem poderia fazer essa consulta seria o presidente do partido e o presidente do partido não fez essa consulta ainda. Não chegou a hora. Tudo tem que ser feito na hora.
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Qual sua opinião sobre o Governo Rosalba Ciarlini?
Um governo de grandes dificuldades. Tem tido muitos problemas, é um governo muito obstinado por servir. É um governo de bom padrão ético. E que encontrou uma herança no campo das despesas compulsórias estabelecidas. Encontrou contas e isso comprometeu o desempenho do dia-a-dia. O compromisso de ordem financeira com os servidores dos quais ela não conseguiu se eximar. Então, isso comprometeu o desempenho do dia-a-dia do governo.
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O senhor fala em dificuldades financeiras do governo Rosalba, mas o próprio governo anuncia aumento de arrecadação e diz que diante da estabilidade econômica teve condições de ter um empréstimo milionário junto ao Banco Mundial...
Eu não vim aqui para ser advogado nem ser promotor da governadora Rosalba. Eu falo por mim. Eu falo por mim.
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Mas isso não é contraditório e, não seria um erro, depois de três anos ainda ficar dizendo que herdou dívidas?
Ninguém atrasa pagamento pessoal por desejo. Infelizmente, ela foi obrigada a pagar com atraso uma parcela do funcionalismo, pois a diferença entre a despesa e a receita levou a um atraso do pagamento. Então, por maior que tenha sido o aumento da arrecadação, as despesas foram tão grandes, por nada que ela tenha feito, mas por herança que ela encontrou, que mesmo com o aumento da arrecadação não teve como honrar os compromissos do governo.
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Com as obras que ela está entregando, que nota o senhor daria a ela?
É cedo ainda. Eu acho que daqui para maio ou junho poderemos declarar uma nota ao governo de Rosalba. Se você me perguntar se Rosalba é uma mulher de valor, uma mulher com determinação, uma administradora que honrou os quadros do partido enquanto foi prefeita de Mossoró e enquanto foi senadora, sim. Tá enfrentando dificuldades como governadora, sim. Qual é a nota que você vai dar? Vamos dar um pouquinho mais de tempo para ela. Que vamos ver se ela consegue realizar alguma coisa daquilo que começa a realizar.
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Dessa forma, ela está credenciada a disputar a reeleição?
Qualquer brasileiro está credenciado. Agora, entre estar credenciado e estar com condições de ganhar a eleição, existe uma diferença para qualquer um.
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O seu discurso em defesa da ética e da moralidade, que tem sido firme, especialmente, contra o Governo do PT, em Brasília, não pode ser comprometido pelas situações jurídicas da governadora Rosalba Ciarlini e a prefeita Cláudia Regina, que tem sido cassadas e afastadas pela Justiça?
Onde é que está a corrução nesses casos? Foram afastadas por razões que estão em discussão e não estão comprometidas com malversação de dinheiro público.
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Mas, 10 cassações como é o caso da prefeita cassada e afastada, Cláudia Regina, não significa nada?
Não foi discutido, assim como no mensalão, você usar dinheiro público para beneficiar um partido político. Recursos públicos de um governo do PT, que no exercício do poder, pelos seus agentes mais importantes, chefe de Casa Civil, etc, usaram recursos público para comprar voto no Congresso. Dinheiro do Banco do Brasil, esses processos a que você se refere, são processos que estão em julgamento. Em apreciação. Com oportunidade da contraprova e da contraprova serem apresentadas e não envolve o uso de recurso público indevido por parte da governadora, nem da prefeita, no exercício de suas funções.
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O senhor considera, então, uma prefeita ser cassada 16 dezesseis vezes, pois forem somadas as cassações em primeira e segunda instância, Cláudia Regina já contabiliza isso...
O que você significa, o que você classifica como fato normal? Fato normal na democracia é haver a acusação e haver defesa e esse processo está em curso. Quando a gente chegar ao final do processo, no julgamento, a gente vai ver quem tinha razão.
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Qual sua expectativa para o retorno da prefeita Cláudia Regina?
Completamente, de que ela vai retornar ao cargo. A minha expectativa é de que Cláudia Regina vai retornar ao cargo.
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Ao prestar solidariedade à ex-governadora Wilma de Faria, no caso do filho dela que foi condenado, o senhor não abre um precedente quanto aos mensaleiros?
Wilma foi casada com Lavoisier (Maia), eu tenho uma relação familiar; eu vi os filhos de Wilma crescerem juntos com os meus filhos e ao lado da questão política, existe a questão pessoal envolvida. O meu telefonema para Wilma foi para prestar solidariedade a ela e a ele. Ninguém comentou que eu liguei para Lavoisier. Só pra Wilma. Para dar aos dois, ao pai e à mãe, a solidariedade em torno de um fato profundamente desagradável, ocorrido com um rapaz que eu vi crescer. Conotação política nenhuma.
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Tem alguma conotação política?
Conotação política, nenhuma. Um gesto de solidariedade pessoal ao pai e à mãe.
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Mas o fato de o PSB se encontrar em um plano nacional em oposição, serve para reaproximar DEM e PSB?
Não, não significa nada. São fatos. São fatos. O PSB tem um candidato de oposição, que é Eduardo Campos e o PSDB tem um candidato de oposição, que Aécio Neves. O DEM vai decidir, ainda, qual vai ser a sua posição no plano federal.
Se você me perguntar se esse fato estabelece linhas paralelas e de convergências, com absoluta certeza, em havendo segundo turno, o PSB, o Democratas, o PSDB, o PPS estarão juntos. Inevitavelmente.
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Fala-se que há entendimentos entre o DEM e o PMDB para uma disputa proporcional, e isso, com objetivo de salvar o mandato do deputado federal Felipe Maia...
Se você me perguntar se é fácil alguém se eleger como candidato só do seu partido, eu vou dizer a você que na história do Rio Grande do Norte, não se registra disputa de candidaturas proporcionais de um partido com um candidato só. Eu não conheço ninguém que tenha disputado, nos últimos 20 anos, que tenha disputado a eleição no campo proporcional, pelo seu partido sem coligação com ninguém. Eu não conheço. Então, o normal é a realização de alianças. E é o que vai se buscar. Aliança que interessa a todos os deputados federais e aos pretensos candidatos. Agora, colocar isso como uma exceção, ou como uma busca da viabilização da candidatura do deputado Felipe, eu acho que é no mínimo uma distorção em relação à sequência dos fatos. Observe vinte anos de sequência para ver se alguém no Rio Grande do Norte disputou eleição só com sua legenda. Se em todas as eleições não foram feitas alianças e coligações em que os votos se somaram, obedecendo o que a legislação eleitoral preconiza.
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O DEM poderá, então, firmar aliança com o PMDB, na chapa proporcional?
Claro que sim. Com o PMDB e com outros partidos. Não fez aliança com outros partidos na última eleição? Na última eleição em que Rosalba foi candidato à senadora ou candidata à governadora, não houve uma aliança oficial ou não oficial com o PMDB? Então, não há um fato anormal. A minha relação com Garibaldi é uma relação antiga. Disputamos a eleição juntos, fomos eleitos juntos. A minha relação com o deputado Henrique, em nome dos interesses do Rio Grande do Norte, é uma relação robusta. Eu não tenho nenhuma linha de conflito com o PMDB que possa me impedir de dizer que o partido, em princípio, o partido estaria habilitado para uma aliança, também, com o PMDB.
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Tem sido anunciado que o secretário Leonardo Rêgo, deve deixar a Secretaria de Recursos Hídricos do governo Rosalba. O senhor como presidente do DEM, sendo os dois de seu partido, tem sido informado, consultado sobre esse processo?
Em nada. Em absolutamente nada. Eu estou sendo informado por você que ele vai deixar a secretaria. Pode até ser que ele deixe, eu não sei. Mas, comigo, ele não me disse. O ex-prefeito Leonardo foi indicado com um dos três nomes que o P e o PMDB indicaram, e a indicação de Leonardo Rêgo surgiu de uma lembrança, e ele pode confirmar, do deputado Henrique Eduardo Alves, sem ele ser do PMDB. Ele foi indicado por um consenso de partidos, que em um dado momento, para ajudar ao governo, ofereceram à governadora, que coube a ela aceitar ou não a sugestão de dois nomes para a secretaria. Ele não foi uma indicação do Democratas, não foi um nome que o partido indicou. Não. Ele foi uma indicação do deputado Henrique Eduardo Alves, que está aí vivo e pode confirmar a você.
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O que foi que aconteceu com o Conselho Político que era formado por vários partidos, mas que não vingou no governo Rosalba?
Talvez a governadora Rosalba não tenha entendido que aquele Conselho Político fosse o grande instrumento de auxílio político para a sua gestão. E como o governante é que manda, a disposição do Conselho Político terminou ineficaz.
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O DEM poderá estender a aliança com o PMDB para a chapa majoritária, apoiando o nome do presidente da Câmara Federal, Henrique Alves, para o Governo do Estado em um grande acordão?
O que você chama de acordão eu chamo de aliança, cuja definição vai ficar a cargo do partido, que vai se manifestar na hora certa. A convenção do partido, nacional e estadual, vai definir os caminhos. Se candidatura própria ou aliança. Então, depende do partido. Nós temos que consultar o partido. O presidente do partido, todos do partido.
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O senhor, pessoalmente...
Quem preside um partido, se começar a fazer declarações vai pautar ou vai orientar definições, coisa que eu não farei. A minha tarefa será a de ouvir e, em ouvindo, sintonizar a vontade da maioria.
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O senhor disse que a indicação de Leonardo Rêgo, para a Secretaria de Recursos Hídricos, partiu do deputado Henrique Alves, que é do PMDB. O senhor tem aconselhado, orientado, a administração estadual?
Não!
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Em nada?
Não, em nada, não. Consultado ou solicitado a ajudar, eu ajudo em tudo que é possível. A minha última ajuda foi na aprovação, em tempo recorde, no empréstimo do Banco Mundial. Sempre que solicitado eu ajudo no meu limite. A minha relação com a governadora é uma relação boa, respeitosa. E de torcida permanente.
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Com que frequência o senhor tem tratado com a governadora?
Sempre que preciso. Sempre que necessário.
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Como está a situação do deputado federal Betinho Rosado?
Betinho deixou o partido. Não tenho estado com ele.
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Como o senhor avalia a saída dele do DEM?
Eu lamento muito, já disse tantas vezes. Lamento muito, mas agora é uma decisão que caminha no âmbito da Justiça, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
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O DEM insiste em querer o mandato dele?
Não, não é o DEM, não. É o Ministério Público com relação a todos os casos de parlamentares que deixaram o partido. Independente do DEM reivindicar ou não, o próprio Ministério Público leva ao TSE o cumprimento da Lei. Não vai ser exceção o caso do deputado Betinho Rosado.
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A saída da ex-prefeita do DEM não causou tanto desconforto no partido?
Na hora que ela não tem mandato e tem o direito sem sanção nenhuma de tomar a iniciativa ou o rumo político que melhor convier a ela própria. Ela que já foi do próprio PMDB. Ela contou com a minha compreensão. O deputado Leonardo Nogueira esteve comigo, a ex-prefeita Fafá esteve comigo. Eu não fui tomado de surpresa. Eles ponderaram, fizeram suas avaliações e contaram com minha compreensão.
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O DEM errou, em algum momento? Poderia ter ajudado mais à governadora Rosalba Ciarlini e à prefeita Claúdia Regina?
Eu não posso me penitenciar de omissão em momento nenhum. Nem com relação a Rosalba, nem com relação a Cláudia Regina.