28/03/2014
Médicos vão à justiça contra Unicat que trocou medicamento receitado a crianças em tratamento crônico. Nova fórmula provoca dores nos pacientes
[0] Comentários | Deixe seu comentário.Uma alteração de um medicamento feita pela Unicat está causando reboliço e ação na justiça.
Pais que fazem tratamento à base de hormônio de crescimento nos filhos, estão com as mãos na cabeça com o que aconteceu.
Além de passar dois meses sem fornecer o medicamento, aplicado diariamente durante anos, a Unicat se apresentou com uma marca nova que vem provocando fortes dores durante a aplicação.
Detalhe: em crianças.
Detalhe: num tratamento crônico, sem data para terminar e que em alguns casos dura 2, 3 anos...
Recomendado por médicos endocrinologistas, o Hormotrop vinha respondendo bem à indicação dos profissionais.
Mas a Unicat, depois de dois meses sem fornecer o medicamento, apareceu com o Eutropin.
E é esse que vem dando dor de cabeça. Não em quem recebe a aplicação. Mas nos pais das crianças e nos médicos que indicam a medicação.
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Para a edocrinopediatra Taísa Macedo, com vários pacientes sendo tratados à base do hormônio, a nova marca oferecida pela Unicat provoca dor, o que tem sido questionado já é uma indicação crônica, por tempo indeterminado.
"Eles sugerem que se faça uma compressa gelada de 10 minutos depois da aplicação. Mas, já pensou, uma criança fazer isso durante anos?", questionou Taísa, justificando que o medicamrnto anterior não causava isso e não havia a necessidade da compressa.
Segundo a médica, que junto a um grupo de colegas está entrando com uma ação na justiça, o medicamento que vinha sendo receitado permite que a criança use uma quantidade menor, pois ele tinha uma quantidade maior de remédio e menor de líquido. A concentração era de 12 unidades em 2 miligramas de líquido, enquanto esse, a quantidade diluída em um miligrama é de 4 unidades.
"É preciso fazer um volume maior para a dose necessária e muitas vezes a criança tem que sofrer duas picadas. E isso não é um tratamento de uma semana, e sim de anos", questionou a médica especialista, afirmando que, embora haja um controle da Anvisa, os médicos não conhecem a nova fórmula oferecida.
O que os médicos mais estão combatendo, inclusive por vias judiciais, é a forma como a Unicat vem tentando incutir na cabeça dos profissionais a aceitação do novo medicamento.
"A Unicat está tentando influenciar na dosagem que a gente está passando. O auditor da Unicat está passando pra gente mexer na dosagem. Claro que isso é para reduzir custos", reclamou a endocrinologista, afirmando que os médicos que receitam o hormônio para pacientes infantis já foram, inclusive, à Unicat, para fazerem a reclamação e tentar que na próxima licitação o Governo volte a oferecer o medicamento que vem dando resultado às crianças de forma a não causar dor e sem obrigar as crianças a ficarem presas a um processo diário de procedimentos pós-dores.
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Sobre o atraso na entrega do medicamento, a médica Taísa Macedo disse que a suspensão do uso do medicamento prejudica, e muito, a resposta ao tratamento.
E o pior da história: quem decidir não utilizar o medicamento oferecido, obrigatoriamente, pelo SUS, terá que apertar o orçamento.
Nas farmácias são vendidas duas marcas sugeridas pelos médicos. Um, o custo mensal é de R$ 2.760, e o outro, de R$ 3.120. Isso para um tratamento de, no mínimo, mais de um ano.