30/10/2014
Para Henrique, derrubada de decreto de Dilma por 19 partidos não pode ser tratada como revanche pessoal
[0] Comentários | Deixe seu comentário.O deputado Henrique Alves (PMDB) negou, em contato com o Blog, que tenha aprovado, na Câmara, projeto do DEM que derrubava decreto da presidente Dilma sobre conselhos populares, como revanche pelo fato do ex-presidente Lula ter declarado apoio à candidatura do governador eleito Robinson Faria.
“Com apoio de 19 partidos contra 3? Todos revanche também?”, justificou Henrique, explicando que a pauta era antiga e travaria a Câmara caso não fosse votada.
Tentei muito que retirassem decreto e encaminhassem via projeto-de-lei. Com urgência até. E votaríamos com correções e ajustes na visão do legislativo. Mas não consegui. Em junho isso. O governo achava que enfraquecia a presidente e manteve o decreto apesar das minhas ponderações, sentindo reação da Casa”, disse Henrique, afirmando que oposição e outros partidos exigiam votação do decreto legislativo que suspendia o decreto presidencial, sob risco de obstrução de todas as votações.
“Essa obstrução funcionou durante a eleição porque o quórum era baixo. E se havia ameaça de aprovar, aí era o Governo que obstruía, tirava o quórum. E com mais de 430 deputados na Casa, não tinha obstrução do Governo que resistisse. E a oposição declarou que não votaria nada sem votar o decreto. Impasse. Solução única: o voto”, explicou Henrique, que não teve mais como segurar qualquer reação do Planalto.
“O Governo ainda tentou estender a votação, mas com 19 partidos contra 3, em algum momento a votação principal aconteceria. E aconteceu. Vontade da Casa. Irreversível. Agora vai para o Senado”, completou o presidente da Câmara.
Em entrevista nesta quarta-feira, o presidente do Senado já adiantou que o Governo não terá sucesso com seu decreto e que a Casa deverá rejeitá-lo, assim como fez a Câmara.
A declaração de Renan Calheiros reforça a justificativa de Henrique sobre “revanche” pessoal por causa de sua derrota no Rio Grande do Norte.
“Ridículo! Essa matéria está na pauta desde julho, mas sem quórum para votar. Desde lá que eu quis votar como presidente da Casa, que não entendia como correto com o Parlamento a formatação apresentada. Fiz pronunciamento em julho, assumidamente contra o modelo apresentado à revelia do Congresso. Agora revanche como, se a pauta é a mesma de três meses atrás? E com apoio de 19 partidos contra 3? Todos revanche também?”, questionou o presidente da Câmara, que permanecerá no cargo até o início de fevereiro, quando terá início a nova legislatura e será eleito o novo presidente.
Até lá, se depender de Henrique, a relação com o Planalto será a melhor possível.
“Tive uma ótima conversa com a presidente Dilma e marcamos pessoalmente na próxima semana quando ela voltar da Bahia. Nem tratou do assunto. Acho que respeito ao Parlamento mesmo. E amanhã (quinta) chamado pelo ministro Aloísio Mercadante (Casa Civil), para conversar também. Clima de diálogo importante e necessário entre poderes. E a presidente Dilma muito bem na conversa por telefone. E na sexta o ministro Berzoini (Relações Institucionais) vem tomar café comigo aqui em casa. Relação com eles sempre muito boa. Respeito recíproco. O correto”, revelou Henrique, negando que a boa relação abra a possibilidade do presidente da Câmara assumir um Ministério no segundo governo Dilma Rousseff.
“Ministério? Sem chance. Fora de qualquer pauta. Não deixo nem concluírem a frase, os que tentam, lógico”, disse Henrique rindo.
“Vocês vão me aguentar aí agora todos os dias”, disse o deputado, concluindo que, terminado seu mandato, se instalará no Rio Grande do Norte.
Deverá comandar a oposição ao governo Robinson Faria e cuidar da campanha municipal, em 2016.
Estaria Henrique disposto a disputar a Prefeitura de Natal?
Se perdesse...continuaria como está, sem mandato.
Até 2018, quando deverá disputar mais um mandato de deputado federal.