23/06/2015
Com mais frases de efeito, Lula faz exercício de vitimologia pensando na volta ao cargo de presidente em 2018
[0] Comentários | Deixe seu comentário.O ex-presidente Lula está fazendo o que todo político em baixa gosta de fazer: o exercício da vitimologia. E dessa vez ele vai mais longe: está posando de vítima dele próprio. Uma nova forma de dizer 'eu errei, reconheço, mas estou pronto para voltar'. Se vai dar certo, o futuro dirá, mas as frases de efeito - ou sem efeito - do ex-presidente, miram em 2018. Ao dizer que o PT só pensa em cargos ou em eleições, ele apenas está tentando disfarçar que só pensa em voltar...para o cargo. Estratégia para enganar os bestas, e Lula é bom nisso. Sempre foi. Primeiro ele disse que o PT está "abaixo do volume morto", e que ele e Dilma estão "no volume morto", fazendo um trocadilho entre o volume de água de Cantareiras, fonte de abastecimento de São Paulo, e a popularidade petista no Brasil depois das promessas descumpridas por Dilma após ser reeleita. Lula faz um mea-culpa. O tempo inteiro se coloca entre os culpados, mas sempre com a intenção de mostrar ao povo que mudou. Ontem, ele mesmo, através de seu "Instituto Lula", promoveu O seminário "Novos desafios da democracia". Um palanque montado para soltar frases de efeito e render manchetes de jornais. Trouxe para a mesa, para dar volume às suas declarações, o ex-primeiro-ministro espanhol Felipe González. No seu discurso, Lula pregou uma "revolução" no PT. "Não sei se o defeito é nosso, se é do governo. O PT perdeu a utopia", afirmou Lula, dizendo o que o Brasil já sabe desde que o partido trocou as bandeiras nas ruas por salas de tribunais e celas em presídios. E é exatamente disso que Lula tenta descolar sua imagem. Quer carimbar a imagem de presidente que mudou o Brasil, e para isso vale até dizer que sua sucessora, a presidente Dilma Rousseff, estragou tudo. Vale até dizer que Dilma prometeu e não cumpriu. Que fez o que jurou que não ia fazer. "Só pensam em cargo, em emprego, em ser eleito". Foi o que Lula disse ontem sobre o PT e sobre os petistas. Tudo isso, pensando, ele, em voltar para o cargo. "Nós temos que definir se queremos salvar nossa pele, nossos cargos, ou nosso projeto", discursou Lula... O espanhol González disse que o ajuste fiscal de Dilma Rousseff vai durar cerca de um ano. "Eu entendo a aflição que existe [no Brasil]. Acredito que seja mais por motivo político do que pela situação econômica." O evento foi aberto pelo presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto. O assessor de Lula foi convocado a prestar depoimento à CPI da Petrobras na Câmara para explicar as doações de R$ 3 milhões feitas ao instituto pela empreiteira Camargo Corrêa. Okamotto disse que a "democracia está ainda mais complicada" com o advento das redes sociais. Culpou o povo por apoiar a redução da maioridade penal e o fracasso da reforma política como ameaças. Deixou claro que bom mesmo são as decisões tomadas à revelia da população. As redes sociais tão bem utilizadas pelo PT em determinadas situações, acabam atingindo o PT, que nesse caso se diz vítima das redes. É o processo de vitimologia seguindo rumo a 2018.