09/09/2015
Senado aprova novas regras que não mudam nada e pesquisas continuarão enrolando o povo em ano de eleição
[0] Comentários | Deixe seu comentário.As novas regras para pesquisas eleitorais, pouco para conter o abuso e promiscuidade entre veículos de comunicação e institutos de pesquisas, ainda não irão acabar com o abuso e a promiscuidade nas campanhas eleitorais. Proposta pífia que proíbe a contratação de institutos que trabalharam para políticos até um ano antes da eleição. Ora... Mas os institutos são contratados por políticos no período de uma eleição, e esse 'um ano antes' não significa nada. A proibição teria que ser referente, no mínimo, aos últimos 4 ou 5 anos. Da forma que foi aprovada ontem no Senado, o abuso e a promiscuidade vão continuar, e as pesquisas continuarão sendo usadas como forma de ludibriar o eleitor. Mesmo assim, deixando tudo como está, a aprovação de ontem foi criticada. Veja reportagem da Folha se hoje: Jornais e institutos criticam restrição a pesquisas eleitorais MARIANA HAUBERT Aprovada na quarta (2) no Senado, a proposta que restringe a contratação de institutos de pesquisa por órgãos de imprensa retira o direito do eleitor de ter informação sobre a disputa eleitoral. A opinião é da ANJ (Associação Nacional de Jornais) e de institutos de pesquisa. A medida faz parte da proposta de reforma política do Senado. A redação final do projeto foi aprovada nesta terça-feira (8) e seguirá para análise da Câmara, onde poderá ser alterada. Pela proposta, a imprensa fica proibida de contratar institutos de pesquisa que tenham trabalhado para partidos políticos, candidatos ou órgãos públicos no período de um ano antes das eleições. O texto veta a "contratação do instituto que tenha prestado serviço na esfera administrativa a que se referir a abrangência da pesquisa eleitoral". Ou seja, se uma empresa foi contratada pelo governo de um determinado Estado, ela não poderá realizar pesquisas neste mesmo Estado para um veículo de comunicação por um período de um ano antes do pleito eleitoral. "É mais uma tentativa de dificultar a divulgação de pesquisas. O Congresso ensaia diversos atos desse tipo. É um desejo que os políticos têm de dificultar o acesso a informação. Para eles, o ideal é que apenas eles mesmos tenham acesso aos resultados das pesquisas", disse o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino. "Em uma democracia é importante que a opinião pública seja explicitada. Qualquer tipo de dificuldade neste sentido atenta contra a democracia", completou Paulino. Para o diretor-executivo da ANJ, Ricardo Pedreira, a restrição limita a liberdade de expressão. "Se limita de forma indireta a liberdade de expressão na medida em que se limita a possibilidade de as pessoas serem informadas." "É importante que os veículos de comunicação tenham a liberdade de contratar as pesquisas que quiserem", afirmou ainda. Para a diretora do Ibope Inteligência, Márcia Cavallari, a regra fere a Constituição "na questão do direito de acesso a informação". "O eleitor tem direito a ter a informação e é sua a decisão de usá-la ou não. Quem tem que decidir isso é o eleitor e não o Senado." Para o autor da proposta, senador Romero Jucá (PMDB-RR), a intenção da nova regra é evitar que o instituto preste serviço a "dois senhores" diferentes e visa coibir práticas "escusas" principalmente no interior do país, em que muitos institutos pequenos são ligados a políticos da região e acabam por produzir pesquisas enviesadas. Para que as novas regras entrem em vigor a tempo de valer para as eleições de 2016, a proposta deve ser sancionada pela presidente Dilma Rousseff até 2 de outubro.