14/06/2016
A política não produz amigos desinteressados
[0] Comentários | Deixe seu comentário.Por Thaisa Galvão Os políticos envolvidos na lava jato vão sendo abandonados, à medida que as denúncias contra eles vão se agravando. Vamos começar por José Dirceu. O todo-poderoso fundador do PT sempre ocupou os espaços mais importantes do partido e dos governos do partido até que...veio o mensalão. Depois o petrolão. Bastou trocar os gabinetes do Palácio do Planalto por uma cela de prisão, para ser literalmente entregue às baratas. Quem hoje, no PT, fala por Dirceu? Quem defende? O companheiro número 1, o ex-presidente Lula, companheiro de todas as horas e de todos os projetos, nunca deu o menor cabimento a Dirceu desde que ele “foi descoberto”. O todo-poderoso deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB) sempre foi queridinho do parlamento. Já viu fila de deputados se formar diante de seu escritório poderoso no Rio de Janeiro ou no seu gabinete na Câmara. Sempre deputados de quaisquer estados, candidatos à reeleição ou a outros cargos. O atendimento....sempre financeiro. Cunha tem esse povo na mão. Não fala besteira quando diz que levará com ele cerca de 150 deputados, um senador e um ministro. Mas...quem desses aí está perto de Cunha para dar uma força, sem ser por medo de uma delação? Cunha continua todo-poderoso e só foi afastado porque o STF quis. Mas...quem hoje vai à sua casa? Mesmo alojado na residência oficial da Câmara, não recebe visitas desinteressadas, que não cheguem lá pedindo silêncio, pedindo pelo amor de Deus, pedindo... Cunha está sendo abandonada a cada dia que passa. Foi usado pelos correligionários para aprovar o impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara. O ‘idiota’ útil, pra não dizer outro nome, já deu o que tinha que dar. Está só. Mas, se for para a cadeia, leva uma ruma. Nesse tom, quanto mais ficar longe do presidente afastado da Câmara, melhor. Todo-poderoso do Senado, o senador Renan Calheiros (PMDB) parece ser o abandonado dos próximos capítulos. Depois de servir a muitos – e ser servido também, claro – começa a viver dias de desilusão. Sozinho. Nem mesmo o advogado que vem cuidando de sua defesa permanecerá ao seu lado. Eugênio Pacelli deixou hoje a defesa de Renan, investigado na Lava Jato. O advogado justificou que acertou com o presidente do Senado para defendê-lo somente na fase de inquéritos. Ele justificou que está saindo porque os inquéritos estão terminando. Tá. Na pior hora, Renan Calheiros foi abandonado pelo seu advogado. Moral da história. Quem tiver pensando que na política tem amigos, bom é ir tirando o cavalo da chuva. No salve-se quem puder, o ‘companheiro de todas as horas’ vira o ‘maior bandido de todas as horas’. Quem acha que terá defesa de amigo correligionário de anos e anos, melhor é começar a pensar em outras coisas na vida.