23/06/2019
PSL vai receber mais de 700 milhões de fundo partidário em 4 anos e filhos de Bolsonaro escolhem tesoureiros dos maiores diretórios
[0] Comentários | Deixe seu comentário.Do Globo de hoje, trechos da reportagem de Sérgio Roxo, sobre a nova realidade do partido do presidente Jair Bolsonaro, que no Rio de Janeiro tem como presidente o filho senador Flávio Bolsonaro, e em São Paulo o filho deputado Eduardo Bolsonaro.
PSL ganha novas sedes e faz evento em hotel de luxo, após eleições de 2018
O partido deve receber R$ 737 milhões de fundos públicos em quatro anos, após eleger 52 deputados federais
O novo momento vivido pelo PSL ficou evidente no último dia 10, durante a cerimônia de posse do deputado federal Eduardo Bolsonaro (SP) como presidente do diretório regional de São Paulo. O evento, que reuniu cerca de 400 pessoas, aconteceu no luxuoso Hotel Renaissance, nos Jardins, bairro nobre da capital paulista.
Até 2018, o partido não tinha dinheiro nem para alugar uma sede em São Paulo. De acordo com o senador Major Olímpio, que presidia o diretório paulista, o partido só conseguia ter um local porque o empresário Alexandre Giardino emprestava uma sala.
Com o cofre recheado, o PSL paulista procura agora uma nova sede para se instalar. Enquanto isso, o diretório nacional já está em novo endereço. Desde fevereiro, a legenda paga R$ 28 mil por mês por um andar em um dos complexos empresariais mais nobres de Brasília. A Fundação de Inovação e Governança, braço teórico do partido, gasta mais R$ 16 mil por um outro andar no mesmo prédio.
No ano passado, o PSL recebeu R$ 8,3 milhões do fundo partidário, verba distribuída para as legendas com base na votação obtida para a Câmara dos Deputados. Este ano deve ficar com cerca de R$ 105 milhões. A sigla foi de um deputado eleito em 2014 para 52 em 2018.
O PSL deve receber R$ 40 milhões a mais do que o PT, segundo partido mais beneficiado, que ficará com R$ 694 milhões. Cabe aos próprios partidos definir como repassar os recursos para os diretórios estaduais.
Os diretórios estaduais devem iniciar nos próximos meses uma disputa pelos recursos.
"O Nordeste vai precisar de uma atenção (financeira) mais especial devido às estratégias políticas para mudar o resultado eleitoral", afirmou o deputado federal Julian Lemos, presidente do PSL na Paraíba, referindo-se à vitória do petista Fernando Haddad sobre Bolsonaro na região na eleição do ano passado.
OLHOS NA TESOURARIA
Como consequência do maior montante de recursos a serem administrados, o presidente do PSL, Luciano Bivar, vai profissionalizar o posto de tesoureiro nacional da legenda. José Tupinambá Coelho, ex-diretor da seguradora Excelsior, companhia que tem Bivar como acionista, será o novo diretor financeiro do PSL.
Até o ano passado, Coelho exercia a função sem remuneração, acumulando com o trabalho na seguradora.
Agora será remunerado.
Além do diretor financeiro, a sigla tem contratado, de acordo com Bivar, funcionários para a sede nacional e para os diretórios estaduais que estão impedidos de registrar empregados por causa de problemas com prestações de contas.
Os postos de tesoureiro nos estados também ganharam relevância com a nova realidade financeira.
Em São Paulo, o escolhido foi o investidor Otavio Fakhoury, um bolsonarista de primeira hora que se tornou amigo de Eduardo Bolsonaro na eleição de 2014.
No Rio de Janeiro, o presidente local, senador Flávio Bolsonaro, indicou em março o deputado estadual Anderson Moraes. Nesta semana, Moraes nomeou Rogéria Bolsonaro, mãe de Flávio e Eduardo e ex-mulher do presidente, para uma função comissionada em seu gabinete na Assembleia do Rio.