30/07/2019
Crusoé1: Sérgio Moro dá primeira entrevista após invasão a telefone celular
[0] Comentários | Deixe seu comentário.Na revista Crusoé, a primeira entrevista do ex-juiz Sérgio Moro após a prisão dos hackers que confessaram ter invadido o telefone do ministro:
Por anos, desde que a Lavajato começou a ganhar corpo, Sérgio Moro ouviu incontáveis vezes, por onde andava, uma pergunta que soava incômoda a seus ouvidos de juiz:
"Quando Lula vai ser preso?". Demorou o tempo necessário para a operação reunir provas de que o ex-presidente, preso há um ano e três meses em Curitiba, havia se beneficiado do esquema bilionário de desvio de dinheiro da Petrobras. Moro largou a toga, virou ministro do governo de Jair Bolsonaro e viu seus detratores escalarem o tom dos ataques com os quais já havia se acostumado desde suas primeiras sentenças no escândalo do petrolão.
Do outro lado, entre os apoiadores, a pergunta de antes virou uma espécie de pedido, igualmente repetido à exaustão: "Não desista".
Entre risos, ele conta que o apelo, manifestado no mundo real e nas redes, se intensificou há pouco mais de um mês, quando passou de estilingue a vidraça com o vazamento de mensagens trocadas com procuradores da força-tarefa. "Eu não posso desistir por algo que não tem nada de ilícito", diz o ex-juiz, que nesta semana recebeu Crusoé para uma entrevista em seu gabinete, a primeira após a prisão dos suspeitos de executar a invasão hacker que pôs em praça pública suas mensagens com Deltan Dallagnol e companhia.
Moro acredita que a investigação da Polícia Federal vai responder, em tempo hábil, se por trás do grupo há outros interesses- e se a ação foi patrocinada por gente disposta a minar a Lavajato. De uma coisa ele tem certeza: a maneira como as mensagens foram exploradas, diz, tinha por objetivo anular as condenações da operação. O agora ministro da Justiça e Segurança Pública parece cada vez mais à vontade no figurino de político, embora resista a assumir a nova condição. Horas antes, ele havia recebido a visita de um deputado que, quebrando o protocolo, lhe fez um convite para se filiar ao Podemos e sair candidato a presidente da República nas próximas eleições. Algo que diz não considerar, embora admita tratar-se de mais um assunto da predileção de muitos daqueles que se aproximam para conversar.
"Não faz sentido pensar nisso no presente momento", afirma. Aversão política do ex-juiz da Lavajato, que completa 47 anos no próximo mês, ressurge com força em outro tema delicado para ele: a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, de suspender investigações que contenham dados do Coaf, o órgão do governo encarregado de monitorar transações suspeitas de lavagem de dinheiro. Ate então, Moro não havia falado publicamente sobre o assunto. A decisão, que amarrou policiais e procuradores e todo o pais e representa um nó nas diretrizes do ministério sob seu comando, foi expedida em um recurso apresentado pelos advogados do senador Flavio Bolsonaro, filho do presidente. Com jeito, para não melindrar o chefe, Moro defendeu que o despacho de Tóffoli seja apreciado o quanto antes pelo plenário do Supremo.
Confira a entrevista nas próximas postagens.