30/07/2019
Crusoé5: Ministro evita falar sobre investigação contra o senador filho de Bolsonaro
[0] Comentários | Deixe seu comentário.Na entrevista concedida à revista Crusoé, o ministro da Justiça Sergio Moro foi questionado sobre a investigação ao filho do presidente Jair Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro.
E afirmou que a investigação ocorre d em instância fora do Ministério pelo qual responde.
Confira:
Na semana passada o presidente do Supremo, Dias Toffoli, suspendeu investigações que contêm dados do Coaf atendendo a um pedido do filho do presidente da Republica, em uma decisão que acaba por interferir em um pilar central de seu plano de combate a corrupção. Foi uma decisão justa?
Existe uma questão institucional mais ampla envolvida. Não é muito apropriado que o Executivo realize críticas a decisões judiciais proferidas, assim como os magistrados, que tem poder de censura aos demais poderes, mas dentro dos autos. Dito isso, é importante fazer uma diferenciação.
Existe o caso envolvendo o senador e existe o caso envolvendo uma decisão mais ampla. O que eu posso dizer apenas é que acho relevante que o Supremo resolva essa questão com certa urgência para evitar situações de insegurança jurídica. Precisa levar em consideração questões de privacidade e, igualmente, questões relativas ao sistema de prevenção de lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo com atenção a eventuais repercussões internacionais.
Hoje investigações estão travadas por causa dessa decisão.
Essa foi uma consequência da decisão tomada, que tem que ser cumprida. Não obstante, as minhas ponderações sobre a decisão se limitam ao que respondi na questão anterior.
Causa algum desconforto para o sr. o fato de esse pedido ter sido feito por advogados do filho do presidente?
Vou reiterar a primeira resposta. Como eu disse, há necessidade de separação entre o caso do senador (Flávio BoIsonaro) e o caso envolvendo toda a abrangência das investigações. Acho que não é apropriado eu me manifestar sobre o caso envolvendo o filho do presidente. Eu não posso responder sobre essa questão. Não cabe, como ministro da Justiça, me manifestar em um sentido ou em outro.
Incomoda estar no governo de um presidente cujo filho é investigado?
Acho que não cabe ao ministro da Justiça fazer afirmações sobre uma investigação, um caso concreto, específico. E essa investigação nem corre perante órgãos vinculados ao Ministério da Justiça. Seria inapropriado qualquer juízo de valor de minha parte.
Na entrevista que abriu a primeira edição de Crusoé, ano passado, o sr. falou que pensava em deixar a Lava Jato para depois voltar como um juiz melhor. Voltará a ser juiz, só que com a toga do Supremo?
Não é inapropriada a sua pergunta, mas acho inapropriado discutir vaga no Supremo quando ela não existe. Minha aceitação para este cargo teve por objetivo realizar um bom trabalho como ministro da Justiça. E essa é minha preocupação atual.