10/08/2019
O diálogo da facção com o PT
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Integrante do PCC diz que facção criminosa tinha diálogo com o PT e temia Moro
PT diz que diálogo é "armação" coordenada por ministro; diálogo está em grampo da Polícia Federal
Katna Baran
Rogério Pagnan
CURITIBA e SÃO PAULO
Interceptações telefônicas realizadas pela Polícia Federal no âmbito da Operação Cravada, deflagrada na última terça-feira (6), revelaram conversas em que um integrante do PCC afirma que o PT tinha “um diálogo cabuloso” com a organização criminosa.
“Pra você ver, o PT com nois [sic] tinha diálogo. O PT tinha diálogo com nois cabuloso, mano, porque... situação que nem dá pra nois ficar conversado a caminhada aqui pelo telefone, mano. Mas o PT, ele tinha uma linha de diálogo com nois cabulosa, mano”, afirma Alexsandro Roberto Pereira, conhecido como "Elias", segundo relatório da PF revelado pela TV Record.
Elias é um dos integrantes da facção que trabalham na arrecadação de fundos para a organização criminosa.
Em nota, o Partido dos Trabalhadores afirma que esta é "mais uma armação como tantas outras forjadas" contra a legenda. Afirma que a Polícia Federal está subordinada ao ministro Sergio Moro, que estaria "acuado". Moro tem estado sob escrutínio após a revelação dos diálogos mantidos entre ele procuradores que atuaram na operação Lava Jato. As mensagens foram obtidas pelo site The Intercept Brasil e divulgadas desde 9 de junho --em alguns casos, em parceria com outros veículos, incluindo a Folha.
"É Moro que deve se explicar à Justiça e ao país pelas graves acusações que pesam contra ele", diz a nota do PT.
Na representação da PF, o diálogo é descrito como indicativo de vínculo da organização criminosa com partidos políticos, o que, no momento, "não está dentro dos objetivos da investigação". "E, semelhante a questão de corrupção de agentes públicos, temos a necessidade de encerrar a chamada fase sigilosa da investigação", justifica o documento.
Na gravação, não fica claro o tipo de conversa que o PCC manteria com o PT, tampouco se houve benefício a partir disso. O nível em que esse diálogo ocorreria —se com integrantes do partido ou com pessoas próximas do partido mas sem ligações formais— não é revelado.
Na conversa com outro integrante do PCC, Elias diz temer as atitudes do atual governo contra a facção, sobretudo do ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) . “Esse Moro aí, esse cara é um filha da puta, mano. Ele veio pra atrasar. Ele começou a atrasar quando foi pra cima do PT”, diz em outro trecho da conversa.
O diálogo em que os integrantes falam das relações com o governo ocorreu no dia 22 de abril. Elias menciona a transferência de líderes da organização para presídios federais, em fevereiro, isolando-os.