24/04/2020
Empresário do grupo Riachuelo, Gabriel Kanner avalia momento como “começo do fim de bolsonaro” e prevê queda de Paulo Guedes
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Do Estadão, entrevista com o empresário Gabriel Kanner, presidente do movimento Brasil 200, defensor até agora do governo bolsonaro.

Adriana Fernandes - São Paulo
BRASÍLIA - Presidente do Instituto Brasil 200, Gabriel Kanner diz que a saída de Sérgio Moro do Ministério da Justiça é "o começo do fim de Bolsonaro".
O instituto reúne cerca de 300 empresários em todo o Brasil que apoiaram o presidente Jair Bolsonaro.
Em entrevista ao Estado, Kanner afirma que, com as acusações "gravíssimas" de Moro, o apoio fica "completamente abalado".
"Se perde", disse. "Hoje, qualquer tipo de esperança que a gente pudesse ter no Bolsonaro veio por agua abaixo". Kanner disse ainda que é possível que o ministro da Economia, Paulo Guedes, saia do Governo em breve.
Qual o impacto da saída do ministro Sérgio Moro?
É impressionante. Todo mundo acreditou que Bolsonaro pudesse fazer uma transformação na política brasileira, uma limpa, combater a corrupção, esses pilares que o elegeram em 2018, representavam que ninguém aguentava mais o que tinha acontecido no Brasil. Hoje, qualquer tipo de esperança que a gente pudesse ter no Bolsonaro veio por agua abaixo. Não só pela saída do Sérgio Moro, gravíssima, que abala fortemente a base de sustentação do governo, mas as acusações são extremamente graves.
Essa interferência, que ele queria ter na Policia Federal, não vimos nem na época do PT quando começou a Lava Jato.
Mostra outra faceta do Bolsonaro que até agora não havia sido exposta. Faz a gente perder qualquer tipo de confiança que a gente podia ter no presidente. Vai ser a palavra de um de outro. Mas eu acredito no ministro Moro de que o presidente queria ter alguém na PF.
O senhor representa um grupo de empresários que apoiou o presidente. Como ficará o apoio desses empresários a partir de agora?
O apoio fica completamente abalado. Hoje, contamos com cerca de 300 empresários pelo Brasil inteiro. E apoio se perde. Não tem como manter apoio a um presidente que vai tão de desencontro aos valores que o elegeram. Ele está fazendo o contrário. A gente elegeu o Bolsonaro para combater a corrupção e ele está fazendo o contrário. O apoio fica completamente abalado.
Todos os empresários do grupo vão retirar o apoio?
Não posso falar por todos. Mas, sem dúvida, é o começo do fim do Bolsonaro. Dificilmente, ele vai conseguir uma base de apoio dos empresários. Até por causa do isolamento do Paulo Guedes.
Como o sr. vê a fritura do Paulo Guedes, que é o alvo da vez dos bolsonaristas?
Esse plano Pró-Brasil sem a participação de Paulo Guedes, imagino que o ministro deva sair em breve do governo. Isso realmente destrói qualquer esperança que a gente possa ter. Do ponto de vista econômico, é muito grave. A gente vinha de uma mudança de rota da economia, buscando uma recuperação econômica.
Vai ser muito difícil a retomada da economia. É muito incerto. Não temos como saber se o Paulo Guedes vai permanecer ou sair. A forma como foi abalada a confiança nos deixa muito inseguros.
Qual a expectativa do sr. em relação à permanência do ministro?
Ele já entrou em rota de colisão. Se a gente acompanha todos os casos. Eles sempre acabaram em demissão. É possível que o Paulo Guedes saia do governo em breve.