25/10/2020
Continua a baixaria no Planalto
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De Bela Megale, no Globo deste domingo:

As redes sociais se transformaram em uma verdadeira briga de rua entre a ala ideológica bolsonarista e congressistas, com o racha entre o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos.
Se a aposta do presidente Bolsonaro era que o clima deveria se amainar neste fim de semana, após Salles chamar Ramos de “Maria Fofoca” a partir de uma nota da coluna, errou feio. As mensagens de defesa a Ramos migraram do WhatsApp do ministro para as redes sociais.
É o caso do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que entrou na briga na manhã deste sábado, com um ataque direto a Salles: “O ministro Ricardo Salles, não satisfeito em destruir o meio ambiente do Brasil, agora resolveu destruir o próprio governo”, escreveu no Twitter.
A patrulha bolsonarista logo entrou em ação. Bia Kicis (PSL-DF) respondeu a Maia. “Não chamo de FakeNews pq, ao contrário do q dizem por aí, opinião não é notícia, mas pode ser tendenciosa, deselegante e inoportuna. Dizer q o ministro @rsallesmma destrói o meio ambiente é narrativa mentirosa e acusar-lhe d querer destruir o governo é intriga incompatível c/seu cargo”.
O presidente da Câmara levou ainda uma cotovelada de Carla Zambelli (PSL-SP). “Olha quem fala. O destruidor dos sonhos dos brasileiros. Vá caçar sapo, Botafogo”, escreveu, referindo-se ao apelido de Maia entre os bolsonaristas.
Maia não ficou sozinho. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), entrou na roda. “Sem entrar no mérito da questão, faço duas ressalvas. 1. Como chefe do Legislativo, registro a importância do @MinLuizRamos na relação institucional com o Congresso. 2.Não é saudável que um ministro ofenda publicamente outro ministro. Isto só apequena o governo e faz mal ao Brasil.”
Ramos tem silenciado sobre o assunto publicamente, mas tem trocado mensagens intensamente com apoiadores e lideranças do Congresso. É ele o elo entre o Palácio do Planalto e os parlamentares. Em meio afirmações de que sofre pressão para deixar o governo, Ramos se apoia nestas lideranças, ao mesmo tempo em que espera que o assunto seja superado.
Ontem, Bolsonaro procurou minimizar a briga e por panos quentes na situação. Acontece que a confusão, depois de armada, já escapa ao controle dos gabinetes do governo.