26/12/2020
Rosalba e o fantasma do Relatório Marpe na versão do ‘menino pobrezinho’
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A prefeita Rosalba Ciarlini corre o risco, ao optar por não dar transparência à transição entre sua gestão e a do prefeito Allyson Bezerra, de enfrentar um novo “Relatório Marpe”.
Para quem não lembra, Marpe foi a empresa de Fortaleza contratada pelo ex-prefeito de Mossoró, Dix-Huit Rosado, para levantar toda a primeira gestão de Rosalba, de 1989 a 1992.
Rosalba foi eleita em 88 com apoio do então prefeito Dix-Huit, tio do marido Carlos Augusto Rosado, que foi escanteado pela nova prefeita logo que assumiu o Palácio da Resistência.
O rompimento familiar foi inevitável.
Dix-Huit deu o troco 4 anos depois e em 1992 foi eleito prefeito mais uma vez, derrotando o candidato de Rosalba e Carlos Augusto, o então vice-prefeito Luiz Pinto.
De volta à Prefeitura, Dix-Huit contratou e empresa de auditoria Marpe, descobriu irregularidades como superfaturamentos, contratação de obras não realizadas e até formação de quadrilha como foi divulgado à época, mas o tal relatório acabou sendo enterrado quando Rosalba denunciou fraude na concorrência para sua contratação.
E na linha do sujo falando do mal lavado, a tal auditoria desceu pelo ralo.
Sem entregar documentos à equipe de Allyson, Rosalba levanta suspeitas...
Por que não entregar?
Aonde estão os tais documentos?
Estariam entre aqueles que estavam sendo transportados na calada da noite e foram apreendidos, mas liberados na sequência sem o olhar atento do Ministério Público do Patrimônio Público?
E fica a pergunta que não quer calar.
Allyson vai fazer auditoria?
Se sim, não pode repetir Dix-Huit e seu desastrado relatório Marpe.
E se sim, o “menino pobrezinho” na visão de Rosalba, não pode deixar para depois, sob pena de ter se calado no início e resolvido falar quando lhe pareceu conveniente.
Depois do Marpe, onde Dix-Huit até tentou mostrar o que se escondia por trás de uma gestão, mas Rosalba deu de goleada mostrando a irregularidade do parente ao tentar investigar a sua, a atual prefeita de Mossoró seguiu sem precisar fazer transições.
Em 1996 Rosalba - leia-se Carlos Augusto - deu a Dix-Huit o troco que recebeu em 1992 e se elegeu pela segunda vez prefeita de Mossoró.
Dix-Huit morreu dois meses antes de terminar seu terceiro e último mandato, após enfrentar um câncer que durou toda a gestão.
Sua vice Sandra Rosado, com quem havia rompido - mais um rompimento familiar - foi candidata à prefeita e foi derrotada por Rosalba.
Com a morte do prefeito, Sandra assumiu a Prefeitura de 22 de outubro até 1º de janeiro de 1997 quando passou o cargo à desafeta Rosalba.
Em 2000 Rosalba foi reeleita derrotando Fafá Rosado, e em 2004 elegeu sua ex-adversária Fafá para a Prefeitura, reelegendo em 2008, quando já era senadora e não disputava a Prefeitura.
Com apoio de Rosalba, Fafá não incomodou a prima na transição, sequer fez auditoria das suas duas gestões.
Senadora eleita governadora do Rio Grande do Norte em 2010, Rosalba mais uma vez ficou fora da disputa pela Prefeitura de Mossoró em 2012, mas elegeu Cláudia Regina, que logo foi afastada e substituída pelo então presidente da Câmara, Francisco Silveira Neto (Silveirinha), candidato eleito em seguida no pleito suplementar realizado para escolha do sucessor de Cláudia.
Em 2016, sem mandato, já que em 2014 seu partido à época, o DEM presidido por José Agripino, não lhe deu legenda para disputar a reeleição de governadora, Rosalba voltou a se eleger prefeita de Mossoró para o mandato que se encerra daqui a 6 dias.
Nas gestões de Fafá Rosado, Cláudia Regina e até de Silveirinha, a quem aponta como desastroso, mas que apoiou sua eleição por baixo do pano, Rosalba manteve o seu exército no Palácio da Resistência.
Allyson é o primeiro calo real no pé de Rosalba e do rosalbismo.
E pela primeira vez ela verá seu grupo deixar a Casa Rosada e ainda por cima passar por uma auditoria de verdade.
Resta saber se o novo prefeito terá peito para enfrentar o rosalbismo comandado por Carlos Augusto, que vai fazer de tudo para repetir o que aconteceu com Claudia Regina, e fazer de Allyson um prefeito com pouco tempo de mandato.