18/09/2022
Tribuna contratou instituto apontado como de 'alta credibilidade', entrevistou diretora e as pesquisas nunca apareceram
Cadê as pesquisas do Ipespe?
A contratação do instituto Ipespe, apontado pela Tribuna do Norte como de ‘alta credibilidade’, foi anunciada em uma entrevista com Marcela Montenegro, representando o instituto, 10 dias antes da divulgação da primeira “de uma série, até outubro”, como mostrou o jornal, que apresentaria até as eleições, intenções de voto dos eleitores para governador do Estado, presidente e senador, além de indicadores relativos ao desempenho das gestões do governo do Estado e do governo federal, e a assuntos de interesse mais conjuntural, como anunciou a Tribuna.
O Ipespe conquistou credibilidade e hoje tem clientes como a associação de bancos, a Vale, Banco Itaú e a Fundação Getúlio Vargas.
Em seguida alguns trechos da entrevista, e no final, vídeo completo com a íntegra.
Primeiramente muito obrigado por você conceder essa entrevista pra falar sobre essa parceria estabelecida pelo Sistema Tribuna de Comunicação e pelo Ipespe. Eu iniciaria a nossa entrevista pedindo para a senhora dar uma visão geral do que é o Ipespe, da área da atuação e há quanto tempo atua, pra o nosso leitor ter uma noção do que é essa parceria, do que isso representa por favor...
O Ipespe este ano completa trinta e seis anos de atuação. Nós somos um dos mais respeitados institutos de pesquisa no país em função dessa longevidade e também obviamente dos resultados que a gente vem apresentando ao longo de todo esse período. Nós realizamos pesquisas de opinião pública e mercado e nessa categoria de opinião pública, pesquisas políticas eleitorais, pesquisas sobre políticas públicas, avaliação de gestões, estudos socioeconômicos, estudos institucionais, enfim, temas diversos, de interesse da agenda da sociedade brasileira e dos diversos estados.
Qual a importância dessa pesquisa eleitoral que o Ipespe fará para a Tribuna do Norte?
Veja, a pesquisa é de grande relevância porque ela é exatamente uma prestação de serviços à sociedade com a informação sendo divulgada e acessível pra sociedade como um todo, ou seja, a população vai poder acompanhar como é que o eleitor está pensando, qual é a sua intenção de voto, qual é a influência dos apoios, qual é a expectativa em relação a eleição, a imagem dos candidatos, qual é a agenda que esse eleitor traz para os candidatos. Enfim, as diversas variáveis da campanha eleitoral vão estar sendo acompanhadas através dessas pesquisas e a sociedade vai poder, através da divulgação e da análise do instituto, ter acesso a essas informações de forma absolutamente transparente e com resultados que têm credibilidade para que eles possam ir acompanhando, e não ter só conhecimento do que ele próprio pensa da eleição, mas o que o conjunto do eleitorado pensa, como imagina votar em outubro.
Para a eleição deste ano que a gente tem uma expectativa de muita polarização e, também se fala muito em fake news. Como é que você avalia o fato de um jornal local se associar a um dos maiores institutos de pesquisa do País pra entregar esse serviço a população do Estado?
Vejo, com bastante, com bastante alegria, essa preocupação, essa postura de um veículo de relevância, do ponto de vista de informação, buscar uma parceria com o instituto que está no mercado já há mais de trinta anos e que também tem bastante credibilidade. Então, é uma parceria que vai agregar ainda mais credibilidade a esses resultados e de forma bastante transparente. De novo saliento esses dois aspectos, transparência e credibilidade, pra que as pessoas saibam que terão acesso à informação de fato confiável. Porque como você bem falou, nesse período de fake news muita informação vai estar circulando. Muitos dados vão estar circulando de pesquisas, de enquetes, então é até preocupante, às vezes, porque o eleitor é bombardeado. Então, essa parceria, onde os parceiros têm credibilidade no mercado, são parceiros que já atuam há muito tempo e que têm condições de trazer com segurança essas informações, para que as pessoas se sintam mais seguras, é muito importante.
Só pra gente dar uma noção para o leitor e para quem vai nos ver também, ao fazer essa parceria a Tribuna se junta a um grupo seleto de jornais do Brasil, como o Valor, que também tem essa parceria com vocês?
É verdade, nós já fizemos vários projetos anteriormente com o jornal Valor Econômico para divulgação de pesquisas nacionais e também mais recentemente em São Paulo. E isso país afora. Estamos começando inclusive a estabelecer algumas parcerias com outros grupos de comunicação e jornais em outros estados que têm exatamente esse interesse em poder oferecer aos leitores informações seguras e confiáveis, a partir de pesquisas que têm credibilidade porque como você também bem lembrou a gente vai ter esse ano eleições bastante quentes. Em alguns casos, muito polarizadas e com ânimos bastante acirrados, em algumas situações. Então é importante que as pessoas observem onde elas estão buscando as informações, quais são os meios que elas estão utilizando para se manterem informadas, para poderem tomar suas decisões, seja do ponto de vista de veículos de comunicação, seja do ponto de vista das empresas de pesquisa que vão estar divulgando esses dados.
No momento de fazer uma pesquisa, o que é fundamental para que ela tenha sucesso, para que ela tenha essa credibilidade que você falou?
Veja, tem alguns pressupostos que são básicos numa pesquisa que se presta a ter rigor científico. Para que a pesquisa tenha validade, explicando de uma forma bem simples, ela precisa em primeiro lugar representar o eleitorado, como é uma pesquisa amostral precisa ser representativa das características do universo real, ou seja, se numa determinada população existe cinquenta por cento de mulheres, cinquenta por cento de homens, então é essa representatividade que precisa estar na amostra. Por exemplo, se você tivesse vinte por cento de mulheres e oitenta por cento de homens, eu já teria aí uma distorção. Então, o ponto de partida é você ter uma amostra que seja representativa do universo de eleitores.
E obviamente que, pra isso, existem equipes de estatísticas que fazem os cálculos amostrais e fazem a distribuição das entrevistas, conforme essa amostra, essa distribuição por cotas de sexo, de idade, de instrução e essa distribuição espacial porque os diversos municípios do Estado precisam estar contemplados com o peso que o eleitorado tem em cada um deles. Então, por exemplo, no caso do Rio Grande do Norte, o peso que Natal tem no eleitorado é o peso que vai ter no número de entrevistas, pra que haja essa representatividade. Então, respondendo a sua pergunta a gente tem uma fase de planejamento que é uma fase muito importante que é exatamente o planejamento do tamanho da amostra, da distribuição das entrevistas diversas categorias demográficas e a distribuição nos municípios no caso de uma pesquisa estadual, como é essa que faremos com a Tribuna. Outro ponto bastante relevante nesse momento de planejamento da pesquisa é a elaboração do questionário. Por mais simples que pareça você perguntar em quem as pessoas vão votar, ele precisa respeitar alguns critérios técnicos como por exemplo o ordenamento das perguntas.
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DO BLOG – O Ipespe alertou na entrevista sobre a importância do eleitor ter direito a consultar pesquisas que não são pagas por campanhas eleitorais. Vale salientar que as pesquisas divulgadas no Rio Grande do Norte ou são de institutos contratados para trabalhos internos pela campanha de Rogério Marinho ou são de institutos contratados pela campanha da governadora Fátima Bezerra, e sendo esses resultados divulgados, o eleitor não amplia as informações além do que interessa a cada um dos grupos.
Veja essa última pergunta da entrevista da Tribuna do Norte com Marcela Montenegro, do Ipespe:
Qual o papel de uma pesquisa independente de partidos?
É importante porque a maioria das campanhas, ao longo do período da eleição, fazem suas próprias pesquisas, e elas têm acesso às informações. Então, seria até antidemocrático que a sociedade também não pudesse ter acesso a pesquisas e que essa informação ficasse apenas na mão do núcleo das campanhas dos candidatos. É importante quem é eleitor também ter acesso a essa informação. É um recurso da democracia no sentido de transparência e de acesso da informação a toda a sociedade.
Confira no vídeo abaixo a íntegra da entrevista de Marcela Montenegro ao jornal Tribuna do Norte.