Em palestra no Fórum Negócios, jornalista Natuza Nery mostrou realidade do país destroçado pelo governo Bolsonaro

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Jornalista da Globonews, onde faz comentários de política e apresenta o ‘Papo de Política’, comentarista também da CBN, Natuza Nery protagonizou o momento freio de arrumação no Fórum Negócios com uma palestra menos sobre sonhos e expectativas e mais sobre realidade.

Realidade de um país onde os 6 mil participantes do Fórum buscam expectativas e sonhos, mas que foi destroçado pelo que ela traça como “desgoverno” referindo-se ao governo Bolsonaro que chega ao final prometendo mas não entregando, não incluindo no orçamento do próximo ano, comida na mesa dos pobres, remédios para quem precisa da saúde pública, educação para quem precisa da escola ou universidade pública.

“Bolsonaro raspou o tacho”, disse Natuza Nery para uma plateia mais verde e amarela do que realista.

Além de uma radiografia sobre o governo que garantiu acabar com a corrupção mas se comportou como corrupto, Natuza falou sobre a dificuldade, como jornalista, e principalmente como jornalista mulher, de mostrar todos os dias as verdades sobre o país.

“Eu senti medo, eu saí pouco de casa. Eu tenho um filho e nas férias ele pediu muito pra gente fazer uma viagem e eu sentia muito medo. Mas o medo não me paralisa não. Eu sou boca dura mesmo", afirmou Natuza.

"Mas eu queria que vocês entendessem que o que eu faço é o papel do jornalista. Nós em geral criticamos governos. O governo Lula ainda não começou, mas certamente não será um governo perfeito e ele será objeto de crítica, vocês me verão criticando o governo Lula, da mesma maneira que vocês me viram criticando o governo Bolsonaro. Agora a crítica ela precisa ser proporcional ao erro, e na pandemia foram muitos, muitos os erros cometidos", continuou a jornalista, tentando fazer entender sobre a importância e a necessidade do jornalismo sério.

"Então eu queria que vocês soubessem que a essência do jornalista não é a essência que se distancia da crítica. A nossa missão é de ser um interlocutor, a pessoa que acende a luz, então tá tudo escuro, você não tá entendendo, não tá enxergando o que tá acontecendo, vem um jornalista e acende a luz. Isso aqui tá errado. E aí cria-se na socidade o alerta e a sociedade atua para que aquela decisão não seja tomada ou seja revertida. Então o jornalista faz parte do papel. Mesmo com ameaça, mesmo com agressão, tá tudo certo. E crítica, eu gosto de receber. Ataque não, mas critica eu gosto porque quando eu recebo eu melhoro. E eu não estou fazendo média não, eu cresço mais na crítica do que no elogio. Muito obrigada gente", encerrou Natuza, arrancando aplausos dos realistas, e encarando o nariz torcido dos negacionistas.