12/08/2024
Como está sendo construído o desgaste da governadora Fátima Bezerra
Administrando ou deixando de administrar, a governadora Fátima Bezerra vai receber críticas dos adversários, reverberadas nos muitos espaços da mídia mantidos pelos grupos bolsonaristas.
A crítica vai sempre existir, mesmo que Fátima faça milagres.
A oposição no Rio Grande do Norte parece bem mais unida e estruturada, tem mais voz e fala mais alto, daí os resultados de pesquisas apontando um desgaste global da governadora.
Fátima não faz um governo medíocre.
Tem resultados na saúde, com hospitais equipados com UTIs como nunca aconteceu no Rio Grande do Norte, tem a abertura do Hospital da Mulher, em Mossoró.
Na Educação, tem avançado e se destacado com a criação de institutos estaduais, com base nos federais. Alguns já inaugurados.
Na Segurança, tirou o estado do mapa da violência.
Paga salários em dia desde que, quando assumiu, encontrou os servidores públicos sem dois meses de salários e sem ter recebido dois décimos terceiros.
Para a oposição diante desse quadro, restou potencializar o caos nas estradas do estado, que só haviam recebido manutenção no governo Wilma de Faria. Lembrando que depois de Wilma o estado teve 4 anos da governadora Rosalba Ciarlini e 4 anos do governador Robinson Faria.
Fátima começou a recuperar as estradas. Mapeou o estado por grupos e vem trabalhando para beneficiar todas as regiões.
Mas, para a oposição, só vale se em uma semana todas as estradas do Rio Grande do Norte estiverem perfeitas. Como se, baseado no Sítio do Picapau Amarelo, o pó de pirlimpipim da boneca Emília, que fazia mágicas, se espalhasse por todo o estado e transformasse as estradas no modelo que a oposição sonha.
Falta a Fátima combater essa oposição.
Quem acompanha o trabalho dos deputados na Assembleia Legislativa entende perfeitamente onde o grito da oposição começa.
Os deputados de direita, que atiram críticas contra o governo do PT mesmo que ele pareça o melhor do mundo, são bem mais organizados do que a turma da esquerda, que forma a base da governadora. Eles falam mais e falam o que pensam, independente de fazer sentido ou não.
As sessões ordinárias da Assembleia são compostas do grande expediente, onde 4 oradores se inscrevem, e obrigatoriamente os oposicionistas estão lá. E quase que obrigatoriamente para levantar um assunto contra o governo. A sessão segue com o horário de proposições, onde quantos deputados quiserem se inscrever falam por 2 minutos para relatarem o que propuseram. Mas quase sempre tem deputados utilizando os 2 minutos apenas para atirar.
Em seguida o horários destinado aos líderes partidários abre espaços de 10 minutos para líderes ou de partidos ou de grupos, onde, em sua maioria diária, os discursos são de críticas ao governo. A sessão termina com o horário dos deputados, onde qualquer parlamentar se inscreve para falar do que quiser por 8 minutos. A direita ocupa a maior parte do tempo.
Com esse mapa, onde comumente em cada sessão um mesmo parlamentar de oposição fala até 4 vezes seguidas, e em alguns casos sobre o mesmo assunto, o 'pior' do governo, transmitido pela TV e reverberado por assessorias, ganha espaços em rádios, blogs, redes sociais e grupos de whatsapp do estado todo, virando a grande verdade do noticiário. Impossível sobrar pedra sobre pedra no imaginário do eleitorado, que passa a não enxergar nada que se aproveite no governo que insiste sozinho em fazer contas e contas do que tem realizado.
A oposição dá de goleada nos microfones do plenário da Assembleia, enquanto a bancada governista tenta focar as respostas apenas nos discursos quase solitários do líder do governo na Casa, deputado Francisco do PT.
Cabe ao governo e à governadora Fátima Bezerra articular o lado político do governo, que a partir do que se assiste todos os dias na Assembleia, está desarticulado e solto, com a base livre até para ficar em silêncio e não se desgastar junto.
É assim que está sendo construído, dia a dia, o desgaste da governadora. Só não vê quem não quer.