09/06/2025
Piauí: Revista mostra que austríaco dono de toneladas de ouro escondidas em alto mar e envolvido com tráfico de drogas, morava no litoral do RN e queria ser presidente do Banco Central
Da revista Piaiuí, edição de junho de 2025, sobre um austríaco morador do litoral do Rio Grande do Norte que "criou" um país e suas próprias leis em alto mar, foi preso por lavagem de dinheiro e envolvimento com o tráfico de drogas, e queria ser presidente do Banco Central brasileiro.
Ponta do Mel é um vilarejo espremido entre o mar de tons esverdeados e a Caatinga, no Rio Grande do Norte. Como fica distante das praias mais badaladas do litoral potiguar, é a pesca e não o turismo que garante a sobrevivência da maior parte dos 1,1 mil habitantes.
Com seus casebres, o lugar seria mais um entre tantos povoados de pescadores do litoral brasileiro, não fosse por um detalhe exótico: é lá que mora, há dez anos, o austríaco naturalizado brasileiro Werner Rydl, o homem que declarou à Receita Federal um patrimônio assombroso de 100 bilhões de reais. Caso fosse incluído na lista de bilionários divulgada anualmente pela revista Forbes, Rydl seria a terceira pessoa mais rica do Brasil, superada apenas por Eduardo Luiz Saverin, ex-sócio de Mark Zuckerberg na Meta, e de Vicky Sarfati Safra, herdeira da famosa família de banqueiros.
Sentado em uma cadeira na recepção de uma pousada em Ponta do Mel, o austríaco me diz que a maior parte de sua fortuna é constituída por um estoque estratosférico de 306 toneladas de ouro - mais do que o dobro das reservas do Banco Central brasileiro. Quando pergunto a Rydl onde guarda tanto ouro, ele aponta com firmeza o dedo na direção do mar, a nordeste de Ponta do Mel, e declara: "Seagarland."
Seagarland? "É um micropaís sem povo", diz. Ele conta que o lugar foi criado em 2014 e fica a 90 km da costa brasileira (portanto, em águas internacionais). O nome é um acrônimo de três palavras inglesas: sea (mar), cigar (charuto) e land (terra). Segundo Rydl, o "micropaís" é constituído por um barco flutuante, capaz de submergir, e por um grande depósito de cápsulas com todo o ouro, enterradas no fundo do oceano.
Tanta riqueza contrasta com o padrão de vida espartano de Rydl. Ele tem 67 anos, ralos cabelos castanho-claros e forte sotaque alemão. Vive em Ponta do Mel com a namorada, também austríaca, que aparenta ter a mesma idade dele e não fala português. O casal não tem carro e mora em uma casa muito simples, de cinco cômodos, alugada por 450 reais mensais. Antes de ser entrevistado pela Piauí, em meados de setembro passado, Rydl pediu que a namorada costurasse um traje especial para ele usar na ocasião: camisa e bermuda com um tecido estampado com capas de jornais dos Estados Unidos.
"É uma homenagem à importância da imprensa", justificou.
Cedendo ao narcisismo, o austríaco construiu um site com informações auto-biográficas, links de reportagens a seu respeito publicadas na Austria, uma lista de seus inimigos, informações sobre Seagarland e, no tópico "transparência patrimonial", incluiu todas as suas declarações pessoais do imposto de renda desde 2007.
Pergunto se Rydl tem as notas fiscais da compra do ouro. Ele diz que copiou todas elas em um CD-ROM, que foi apreendido pela Polícia Federal há vinte anos. E como ele conseguiu enterrar toda essa quantidade de ouro no leito do oceano? Ele gagueja um pouco antes de soltar a resposta:
-São máquinas que fazem isso. Máquinas que eu construí.
-O senhor tem fotos dessas máquinas?
-Tenho, mas não posso mostrar.
Eu não resisto e rio alto. Rydl esboça um sorriso discreto e diz:
-Ninguém acredita em mim. Esse dúvida é meu segurrrança.
A dúvida sobre a veracidade das histórias de Rydl poderia resumir-se ao compêndio das mirabolâncias, mas a coisa toda está longe de ser inofensiva. Para a Receita Federal e a Polícia Federal, o austríaco não é mera curiosidade: é um astuto golpista, que descobriu um meio de usar o próprio fisco para criar uma gigantesca lavanderia do crime, útil tanto para legalizar a origem de toneladas de ouro extraídas ilegalmente da Amazônia quanto para esquentar dinheiro do tráfico internacional de cocaína.
No verbete que Werner Rydl criou sobre si mesmo na Wikipédia, ele dizia ser descendente de Maria Leopoldina, a arquiduquesa austríaca que se casou com dom Pedro I e tornou-se a primeira imperatriz do Brasil.
O verbete foi retirado do ar por carecer de fontes verificáveis. Certo é que Rydl nasceu em agosto de 1957, em Viena.
Mais velho dos três filhos do dono de uma tinturaria e de uma dona de casa, ele conta que nunca se interessou por brinquedos, nem por fazer amizades.
Preferia mexer nas máquinas da fábrica do pai. Também não gostava de estudar. "Eu preferia gastar meu tempo com atividades práticas que me dessem um retorno a curto prazo."
No início da adolescência, o pai fechou a fábrica e iniciou a construção de uma sauna. Mas teve um câncer em seguida e morreu em 1975, aos 51 anos.
Rydl, que mal completara 18 anos, tomou a frente do negócio. Também concluiu o ensino médio e fez um curso técnico em química. Seis anos depois, casou-se e teve um filho, mas se divorciou em menos de um ano. A sauna faliu e Rydl abriu uma pequena construtora. Veio então o primeiro problema com a Justiça. Ele foi condenado a onze meses de prisão por estelionato, acusado de fatiar seu automóvel e esconder os pedaços sob uma das casas construídas por sua empresa a fim de embolsar o valor do seguro. Ele nega o crime.
Diz que teve o carro furtado e que foi torturado pela polícia. O automóvel, afirma, nunca foi encontrado.
Ao deixar a prisão, Rydl teve a ideia de trocar a Áustria por um país tropical. Qualquer um, desde que nunca fizesse menos de 15°C no inverno. Em 1985, foi para o Caribe, mas desistiu de morar na região por causa do tamanho exíguo dos países, a maioria deles pequenas ilhas. "Não daria para prosperar nos negócios por lá." Sua namorada na época, a austríaca Linda Fink, tinha um tio que morava em Vitória de Santo Antão, no interior de Pernambuco, onde ela e Rydl costumavam passar férias. Em 1989, os dois decidiram se mudar para a cidade. Pouco depois, se estabeleceram em um povoado litorâneo de Sirinhaém, ao Sul do Recife, onde Rydl construiu duas casas contíguas e uma torre de 24 metros de altura, semelhante a um farol.
O casal teve duas filhas no Brasil. Em 1995, o relacionamento terminou. Naquele mesmo ano, Rydl se naturalizou brasileiro, e Fink retornou à Áustria com as meninas. Desde então, ele teve pouco contato com as filhas, que nunca usaram o sobrenome do pai.
Na remota Sirinhaém, ele estava de olho na Europa - e criou no litoral pernambucano um engenhoso esquema de fraude tributária na Áustria, conforme denúncia do Ministério Público do país.
O sistema tributário austríaco não é cumulativo. Assim, se um mesmo produto é vendido uma segunda vez dentro do país, o revendedor paga o Imposto sobre Valor Agregado (IVA), equivalente a 20% do valor da mercadoria, mas fica com um crédito no mesmo valor. A exportação do produto, porém, é isenta do IVA. Então, por volta de 1992, Rydl com seu irmão caçula, Rainer, e sua mãe, Erna, passaram a comprar mercadorias e a revendê-las para empresas intermediárias dentro da Áustria (muitas delas integrantes do esquema criminoso), sonegando os 20% do IVA. As empresas, por sua vez, exportavam a mercadoria para empresas de Rydl no Brasil.
Para aumentar o valor sonegado, a família de Rydl revendia produtos mais simples como se fossem nobres. Assim, pedras feitas de cimento branco eram negociadas como se fossem pedras sinterizadas, muito utilizadas na construção civil, com valor até mil vezes maior.
Rydl, o irmão e a mãe também importavam mel do Brasil e exportavam o mesmo produto de volta, como se fosse mel austríaco, com valor 15.000% maior.
O fisco da Áustria calcula que as operações fraudulentas resultaram num calote de 150 milhões de euros, quase 1 bilhão de reais, na cotação atual. "Trata-se de um dos maiores desfalques (aos cofres públicos austríacos) da história da Segunda República", disse, em carta endereçada ao governo brasileiro, a então ministra da Justiça da Áustria, Karin Miklautsch (que hoje assina como Karin Gastinger), referindo-se ao período político do país depois da Segunda Guerra Mundial.
Rydl admite ter sonegado o IVA na Áustria e, pelos seus cálculos, o calote foi muito maior: 1,5 bilhão de euros, ou 9,4 bilhões de reais. Mas ele tem outra versão para a sonegação: seu extremo zelo ético. Diz que decidiu "embargar" - esse é o termo que usa - o pagamento do IVA em protesto contra o governo de sua terra natal. "O sistema tributário austríaco é corrupto, e eu não posso financiar um sistema corrupto", diz Rydl. "Foi a partir desse momento que passei a ser taxado de maluco", completa ele, que logo explode em um sorriso largo, salientando seus dois grandes dentes incisivos.
Os lucros decorrentes da sonegação fiscal, cujo montante não é informado pelos investigadores, saíam da Áustria por dois caminhos: ou eram transferidos para contas da empresa Westhill, uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, ou eram levados dentro de caixas até a Itália e, de lá, chegavam ao Brasil via doleiros ou por meio de veleiros, que zarpavam do Mar Mediterrâneo até o litoral pernambucano (a torre em Sirinhaém, segundo ele, servia para orientar essas embarcações). Rydl investiu parte dos recursos em uma madeireira em Itacoatiara, no Amazonas: a Mw Florestal do Brasil Ltda., formalmente controlada pela Westhill, que exportava madeira nobre para os Estados Unidos e o Canadá.
Em junho de 2004, fiscais do Ibama encontraram 557 mª de pranchas de jatobá no pátio da Mw. As pilhas de madeira estavam cobertas com galhos, como se alguém estivesse tentando ocultá-las de uma eventual fiscalização. Os documentos apresentados pela empresa indicavam que aquele carregamento, avaliado em 1,8 milhão de reais em valores atualizados, tinha origem em Juína, Mato Grosso, distante 1,1 mil km, e fora transportado em comboios de caminhões no mês de abril daquele ano. Mas essa versão parecia pouco plausível, já que, para transportar tal quantidade de madeira de uma só vez seriam necessárias trinta carretas, o que seria improvável de acontecer, na avaliação dos fiscais. Logo a fraude foi confirmada: uma perícia do Instituto Nacional de Criminalística concluiu que as notas fiscais apresentadas pela Mw haviam sido falsificadas e as autorizações para transporte de produto florestal (ATPFS), que haviam sumido de um escritório do próprio Ibama no interior do Pará, estavam com as numerações alteradas.
Em razão disso, em 2009 Rydl recebeu sua primeira condenação no Brasil.
Pegou dois anos e meio de prisão por uso de documento falso, mas não chegou a ser preso. A pena foi convertida em prestação de serviços comunitários no posto de saúde de Ponta do Mel, no Rio Grande do Norte, onde ele havia voltado a morar por duas razões: o vilarejo fica mais perto de Seagarland e, segundo ele próprio, é mais seguro, porque qualquer veículo estranho, inclusive algum carro descaracterizado da polícia, é logo notado pelos moradores.
(Consultada, a Justiça não conseguiu verificar se de fato Rydi cumpriu a pena, já que houve falhas nos registros da sua presença no posto de saúde.)
Mas não tardou para que o astuto empresário parasse atrás das grades.
Werner Rydl levou um susto quando viu dois policiais federais entrarem no avião que acabara de pousar no Aeroporto de Brasília, vindo de Manaus. Eram sete da manhã do dia 30 de março de 2005. O empresário tinha encontro marcado com servidores do Ministério do Meio Ambiente para discutir um plano de manejo florestal para a madeireira MW. A reunião foi por água abaixo quando os policiais anunciaram a prisão do austríaco.
Rydl foi retirado do avião, algemado e levado para a carceragem da superintendência da Polícia Federal. Só então ele soube que havia sido preso por ordem do então ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), que atendera a um pedido do governo austríaco. No mesmo dia, a PF cumpriu mandado de busca nos endereços do empresário em Sirinhaém e no município vizinho, Rio Formoso, à procura de provas materiais.
Um ano antes, o Tribunal de Primeira Instância para Assuntos Penais de Viena havia decretado a prisão preventiva de Rydl por estelionato qualificado e associação criminosa, decorrente do milionário esquema de sonegação fiscal organizado por ele e sua família. A ação penal incluía dezoito pessoas, entre elas sua mãe e seu irmão caçula. O pedido de prisão preventiva havia chegado ao Ministério da Justiça brasileiro em dezembro de 2004, encaminhado pela Embaixada da Áustria em Brasília.
Em reação à ação penal, pouco antes de ser preso, Rydl gravou um vídeo ateando fogo em algo parecido com uma pilha de notas de xelins austríacos - equivalentes, segundo ele, a 21 milhões de euros.
(Como a Áustria aderira ao euro em 1999, aquelas cédulas não tinham livre circulação e só poderiam ser trocadas pessoalmente no Banco Central do país europeu.) No vídeo, ele chama o promotor do caso de nazista, e o juiz, de corrupto. Além disso, segundo o Ministério Público austríaco, Rydl ameaçou três jurados em Viena na noite de 19 de setembro de 2002, caso eles não votassem a favor dos réus na ação penal contra o grupo.
No fim de abril de 2005, Rydl deixou a carceragem da PF, onde estava desde a prisão, e foi transferido para o Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, enquanto aguardava o julgamento, pelo STF, do seu pedido de extradição para a Áustria. O empresário fez de tudo para evitar a extradição (embora o Brasil não extradite seus cidadãos, natos ou naturalizados, os crimes foram cometidos antes de 1995, quando Rydl se naturalizou).
Primeiro, ele solicitou refúgio ao governo brasileiro, alegando perseguição política por parte do governo da Austria, o que foi negado. Em seguida, convenceu Mário Luiz Bieger, pai de seu sócio brasileiro na madeireira Mw, a adotá-lo como filho, na tentativa de sensibilizar o STF, no que também não foi bem-sucedido. Em junho de 2006, o Supremo, em decisão unânime, decidiu extraditar Rydl. Ele reagiu: em um pedido de habeas corpus, escrito à mão, acusou o ministro Marco Aurélio Mello de receber propina do governo da Áustria em troca da extradição. Não apresentou nenhuma prova.
Sua transferência para um presídio austríaco, porém, não foi imediata. Somente em setembro de 2009, mais de três anos depois da aprovação da extradição, Werner Rydl foi finalmente entregue pela PF à polícia em Viena. A essa altura, sua naturalização brasileira já havia sido cancelada pelo Ministério da Justiça, com o argumento de que, ao solicitá-la, Rydl omitira o fato de estar respondendo na época a duas ações penais por fraude, falsificação de documentos e difamação na Áustria, datadas do fim da década de 1980 e do início dos anos 1990. Ele ficou apenas quatro meses na cadeia em sua terra natal, uma vez que já havia cumprido quase toda a pena no período em que esteve preso preventivamente em Brasília. Em 2013, o STF devolveu a naturalização brasileira a Rydl, considerando que a revogação só podia ter sido feita por via judicial, e não administrativa, como ocorrera.
Rydl, então, voltou ao Brasil em 2013.
Por ter deixado de ser brasileiro naturalizado durante cinco anos, ele cobra agora uma indenização do governo brasileiro no valor de meio bilhão de reais.
Pergunto qual o critério utilizado para definir o montante da indenização. Rydl responde que o valor foi decidido por uma espécie de corte arbitral composta de sete juízes que se reúne de tempos em tempos. Onde se reúnem? Ora, em Seagarland. Quem são eles? Rydl disse que não pode identificá-los. "Para evitar represálias."
No período em que ficou preso na Papuda, Werner Ryil fez muitas amizades: conheceu o italiano Cesare Battisti, que praticou atentados terroristas na Itália e que também aguardava extradição, e o narcotraficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, condenado a mais de trezentos anos de prisão. Mas ninguém seria tão útil aos seus propósitos como Tellem Ferreira dos Santos, um ex-policial militar de Mato Grosso que se encontrava preso na Papuda por integrar uma quadrilha de assaltantes no Distrito Federal, nos anos 2000.
Ao deixar a prisão, o ex-policial foi para Ponta do Mel, onde Rydl voltara a morar, e tornou-se seu funcionário. Tinha a missão de comprar ouro em garimpos ilegais do Pará, sempre com dinheiro vivo. "Nós íamos de avião ou de carro alugado e chegávamos a negociar com gente armada. O Werner me pressionava, queria comprar vários quilos de ouro por mês, mas não conseguíamos", me disse em conversa por telefone, em setembro passado.
O ouro, de acordo com Santos, era escondido em um buraco de 6 metros de profundidade, revestido com um cano de PVC. O buraco ficava debaixo da cama de Rydi em uma residência alugada pela dupla em Itaituba, município do Pará conhecido por abrigar um intenso comércio de ouro ilegal. Havia outros esconderijos parecidos, em outros endereços espalhados pelo país, inclusive na torre em Sirinhaém. "Cada casa tem três (esconderijos de ouro)... a torre tb... mas nunca foi descoberta após várias visitas do PF (Polícia Federal)", escreveu Rydl para o seu advogado na época, segundo consta em uma ação penal contra o austríaco. "O PF já desde 2005 atrais dos valores... sem sucesso... e fica sem sucesso. Eu aprender as coisas já um pouco", escreveu ele, usando a palavra "valores" para referir-se, presumivelmente, tanto a ouro quanto a dinheiro sonegado.
Dos esconderijos, o ouro bruto seguia em pequenas aeronaves para São Paulo, onde era refinado, segundo o ex-policial. Santos diz não saber qual o destino que o austríaco dava ao metal.
"Ele sempre dizia ter muito ouro em um ponto no oceano, mas eu nunca vi." Apesar de se dizer bilionário, Rydl viajava sempre em carros muito simples, alugados, e dormia no próprio veículo ou na casa de amigos. "Ele não gasta dinheiro com nada", diz o ex-policial.
No fim de 2014, a dupla abriu uma conta bancária em Itaituba. De acordo com Santos, a conta serviria para que Rydi depositasse 2 bilhões de dólares que dizia possuir em bancos nas Ilhas Maurício, um paraíso fiscal no Oceano Índico, e assim pudesse comprar ouro na Amazônia (na época, o empresário também afirmava ter recursos em uma conta bancária na Guiana Francesa). Para efetivar a transferência bilionária, Rydl teve reuniões em Cuiabá com três pessoas que, conforme Santos, administravam o dinheiro mantido por Rydl no exterior.
Mas a manobra toda fracassou quando, em 27 de março de 2015, o austríaco foi preso em flagrante no aeroporto de Várzea Grande, em Mato Grosso, tentando embarcar em um voo para Santarém, no Pará, carregando uma barra de 640 gramas de ouro sem documento de origem. Dois dias depois, Rydl deixou a cadeia, após o pagamento de uma fiança de 78,8 mil reais, dinheiro emprestado pelo advogado dele na época, André Luiz Prieto. "Ele nunca me devolveu esse valor", diz Prieto. O empresário foi condenado a dois anos de prisão, em regime aberto, por crime contra a ordem econômica.
Santos deixou de trabalhar para Rydl em 2016. No fim desse mesmo ano, seguindo carreira solo no crime, o ex-PM foi preso em flagrante com 14,6 kg de cocaína dentro de malas em um flat na Alameda Franca, em São Paulo. O austríaco não foi investigado nesse caso.
Apesar dos hábitos austeros, Rydl está longe de ser um homem pobre. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) constatou que, entre 2018 e 2022, o austríaco movimentou 343 milhões de reais em suas contas bancárias. São saques de dinheiro em espécie, além de transações milionárias com chineses radicados em São Paulo, possivelmente doleiros, segundo a PF. Embora haja discrepância entre a renda declarada e a movimentada, Rydl sempre se declara isento do pagamento do imposto de renda, com exceção da última declaração, referente a 2023. Ainda assim, não há registro de que seu nome tenha caído na malha fina da Receita, tampouco que tenha passivo tributário inscrito no sistema de dívida ativa da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional.
Nessa movimentação bancária, chama a atenção o alto volume de transações com supermercados e empresas que vendem produtos alimentícios em Boa Vista. Para a PF, isso reforça a suspeita de que Rydl os adquiriu na capital de Roraima para levá-los até a vizinha Venezuela, onde esses produtos, escassos devido aos embargos contra a ditadura de Nicolás Maduro, foram trocados por ouro. O metal, por sua vez, entrou ilegalmente no Brasil e foi exportado como se tivesse origem brasileira, ainda segundo a PF. Entre 2018 e 2022, por exemplo, Rydl transferiu 19,4 milhões de reais para a empresa Ricca Comércio Ltda., cujo proprietário, de acordo com a PF, é o venezuelano Roberto Espejo Camacho, líder de um esquema que, no fim da década passada, contrabandeou ao menos 1,2 tonelada de ouro venezuelano para o Brasil, trocando o mineral por alimentos. O próprio Rydl admite ser próximo de Camacho, que foi preso pela PF em Boa Vista em 2019 e, quatro anos depois, extraditado para a República Dominicana, onde é acusado de lavar dinheiro do narcotráfico.
Os negócios de Rydl se estendem à Guiana. Ele tem uma empresa de compra e venda de ouro, denominada Seagar Guyana Incorporation, sediada na capital do país, Georgetown, onde é conhecido como negociante de ouro. A empresa, entretanto, existe apenas no papel: no endereço informado por Rydl consta um conjunto de residências e lojas sem relação com o comércio de ouro.
A PF suspeita que parte do ouro adquirido por Rydl tanto no Brasil quanto na Venezuela e na Guiana tenha sido exportada para a Turquia, onde Rydl afirma possuir um depósito de 22 toneladas de ouro, localizado no Mar de Mármara.
(Alegando razões de segurança, ele não dá detalhes sobre esse suposto repositório do metal. Diz apenas que está protegido por um sistema de torpedos.)
A Turquia apareceu na história em abril de 2018, quando a Receita Federal apreendeu cinco barras de ouro do austríaco, num total de 3,6 kg, no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, por falta de documentos que comprovassem a origem do metal. No processo judicial em que tentava reaver as barras de ouro, Rydi disse que pretendia levá-las para o seu depósito na Turquia. A Justiça negou o pedido.
Outro episódio, ocorrido um ano antes, alertou a Receita Federal, a PF e o Ministério Público para a gigantesca máquina de lavagem de dinheiro criada por Rydl. Na manhã de 13 de fevereiro de 2017, o colombiano Wilson Efrain Hincapie Carvajal procurou a alfândega da Receita no aeroporto de Belém para fazer uma consulta bizarra. Queria saber se seria possível exportar para os Estados Unidos, Emirados Árabes, Andorra e Índia, de uma só vez, uma carga de 120 toneladas de ouro, avaliada em 2,7 bilhões de dólares. E disse que a carga pertencia a um austríaco chamado Werner Rydl.
Diligentes, os servidores responderam que uma exportação daquele volume, que correspondia a quase o dobro das reservas do Banco Central na época (67 toneladas), só poderia ser feita por uma empresa, e não por pessoa física. Igualmente diligente, o colombiano disse que poderia fazê-lo então por meio de sua empresa, a Makay Business Ltda., cujo capital social era de apenas 100 mil reais e estava sediada em uma casa simples na periferia de Belém. E, como se o tema fosse uma questão mais ou menos corriqueira, a negociação não acabou por aí.
Quatro dias mais tarde, o colombiano reuniu-se com seis funcionários da Receita na alfândega do aeroporto, agora na companhia de Rydl. Os servidores então fizeram uma pergunta elementar. Onde estava aquela quantidade fabulosa de ouro? Em Seagarland, disse Rydl. Onde?
Em Seagarland, num depósito no fundo do Oceano Atlântico. Os fiscais espantaram-se com a excentricidade da situação.
E, mais uma vez, deram uma informação elementar: para exportar toda aquela quantidade do metal seria preciso apresentar documentos que atestassem a legalidade da origem da carga. Rydl disse então que vinha acumulando ouro desde quando chegou ao Brasil pela primeira vez, no fim dos anos 1980, sempre pagando em dinheiro vivo. Também disse que as cópias das notas fiscais das compras estavam arquivadas em um CD-ROM apreendido pela PF em 2005, quando ele foi preso, e devolvido com defeito tempos depois.
Aparentemente, Rydl acreditou que, contando essa história, seria autorizado a exportar dois bancos centrais em barras de ouro sem nenhum documento. O fato é que os servidores da Receita insistiram que não seria possível fazer a transação sem comprovar a origem da mercadoria.
Rydl então se irritou. E fez uma ameaça.
Disse que aceitaria uma proposta para tornar-se cidadão americano e levaria todo o seu ouro para os Estados Unidos.
O austríaco e o colombiano, por óbvio, acabaram desistindo da empreitada. Mesmo assim, a Receita informou o caso à PF, que abriu um inquérito para apurar possíveis crimes contra a ordem tributária, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
Entre 2016 e 2017, Rydl emitiu notas fiscais para transportar 600 kg de ouro entre endereços de diferentes cidades do Brasil: Dionísio Cerqueira (SC), São José dos Campos (SP), Cuiabá (MT), Luziânia (GO), Itaituba (PA) e Areia Branca (RN). Os endereços, no entanto, não existiam ou eram de residências ou empresas que não atuavam no ramo da compra e venda de ouro.
Ao analisar as declarações do imposto de renda de Rydl, a unidade da Receita em Belém constatou que, até 2006, ele não informava a posse de nenhum grama do metal. Apenas no ano seguinte declarou 823 kg, cujo valor girava em torno de 40 milhões de reais. Na declaração de 2007, descumprindo a regra, Rydi não deu nenhuma informação sobre a fonte de renda que lhe teria proporcionado dinheiro suficiente para comprar tanto ouro. Mas, como a Receita fiscaliza as declarações por amostragem, o cambalacho de Rydl acabou passando despercebido.
Nesse período em que Rydl começou a declarar quantidades superlativas de ouro à Receita, o austríaco estava preso na Papuda, aguardando extradição. Para a PF, isso reforça a suspeita de que ele aprendeu na penitenciária de Brasília a declarar qualquer quantia de ouro sem pagar um centavo de imposto, uma vez que a Receita só tributa renda ou ganho de capital, enquanto o ouro é um bem imobilizado, como um imóvel, e não gera imposto de renda. Para explicar o súbito aparecimento de ouro no seu IR, Rydl diz não ter declarado a posse do metal antes de 2007 pelo fato de que o bem estava em nome da Fink, sua empresa na Áustria, e não no Brasil.
"Werner é um potencial fornecedor de papel (refere-se a um lastro) para lavadores de dinheiro oriundo de qualquer tipo de atividade criminosa", diz o procurador do Ministério Público Federal Ubiratan Cazetta, que participou das investigações sobre o austríaco no Pará. "Se a Receita autorizasse aquela exportação, ele não só conseguiria enviar para o exterior 120 toneladas de ouro de origem ilegal, possivelmente de outras pessoas ou empresas, como teria um documento oficial para justificar a posse daquela quantidade absurda de ouro e do dinheiro correspondente."
Como a tentativa de exportar as 120 toneladas de ouro não se materializou em Belém, não ficaram configurados crimes financeiros, e o inquérito da PF deste caso (mais um) foi transferido para Mossoró, no Rio Grande do Norte, domicílio fiscal de Rydl, com o objetivo de apurar possível crime de falsidade ideológica na declaração de seu imposto de renda. "Seu comportamento, levando em conta suas declarações incompletas e maliciosas (à Receita), indica a pretensão de ter lastro para movimentação econômico-financeira ao arrepio do sistema financeiro nacional", escreveu o delegado Eduardo dos Santos Guedes. Rydl chegou a ser indiciado, mas a investigação acabou arquivada pela Justiça em 2021, a pedido do Ministério Público Federal. "Toda a apuração demonstra, na verdade, possíveis distúrbios psíquicos do investigado, com a criação de fatos e personagens pouco plausíveis no mundo real", argumentou o procurador Emanuel de Melo Ferreira.
Em abril de 2020, Rydl faria outra investida para legalizar ouro, ao procurar uma casa de câmbio em São Paulo, propondo converter 27 toneladas de ouro, avaliadas em 1,25 bilhão, em títulos mobiliários, como ações na Bolsa de Valores de empresas com capital aberto. "Entendemos que a operação proposta pelo cliente, de converter ouro para valores mobiliários, propiciaria o ingresso, no sistema financeiro nacional, de recursos sem origem comprovada (indício do crime de lavagem de dinheiro) e possibilitaria maior liquidez para seus ativos, bem como maior facilidade para transferência a terceiros", escreveu a casa de câmbio em um relatório ao Coaf. A proposta de Rydi foi rejeitada pela instituição financeira.
Nem o Ministério Público, nem nenhum outro órgão brasileiro ou austríaco, jamais pediu um exame psiquiátrico para averiguar a estabilidade mental de Rydl. É evidente que suas histórias são exóticas: tratam de valores estratosféricos. envolvem operações espetaculosas e explicações extravagantes, a começar por seu tesouro marítimo. Tanto o setor de inteligência fiscal da Receita quanto o da Marinha investigaram a existência do suposto megadepósito de ouro no meio do oceano - e não encontraram nada.
Mas o fato é que as autoridades brasileiras têm razões bastante concretas para levar o caso a sério. A PF e a Receita, por exemplo, acreditam que, ao declarar pouco a pouco toneladas do metal no imposto de renda, como fez, Rydl criou uma justificativa para movimentar qualquer quantidade do mineral, de origem legal ou não: basta dizer que o carregamento integra a quantidade de ouro já declarada. Na sua última declaração de IR, Rydl informou a posse de incríveis 306 toneladas de ouro, o equivalente às reservas totais do Reino Unido.
Mesmo quando o austríaco não está diretamente envolvido com o transporte de ouro, ele pode "emprestar" sua declaração de IR para terceiros que tenham cargas do metal retidas na aduana, alegando que o carregamento pertence a ele. Foi o que ocorreu em janeiro de 2020, quando a PF apreendeu 35 kg de ouro - extraídos de garimpos ilegais no Pará - no aeroporto de Manaus. As barras, que estavam a caminho dos Estados Unidos, eram levadas pelo brasileiro Brubeyk Garcia Nascimento e os americanos Frank Giannuzzi e Steven Albert Bellino. Ao ser ouvido pela PF, Nascimento disse ter adquirido o metal de Rydl. (Por causa desse episódio, a PF cumpriu mandado de busca na casa do austríaco em Ponta do Mel, em 2023. Ele foi indiciado por usurpação de bens da União, crime ambiental, lavagem de dinheiro e crime contra a ordem tributá-ria. Cabe agora ao Ministério Público decidir se denuncia ou não Rydl à Justiça.)
A lavanderia Werner Rydl voltou para o tráfico internacional de cocaína. Naquele mês, o setor de inteligência da Polícia Militar do Paraná vinha seguindo os rastros de dois jovens suspeitos de transportarem drogas sintéticas. No dia 29, quando voltava de Mato Grosso do Sul, a dupla foi abordada em um carro no município paranaense de Campo Largo.
Dentro do veículo, havia quatro pequenas porções de cocaína e 339,8 mil reais em dinheiro vivo. Para a polícia, tratava-se do pagamento pelas drogas que os dois haviam levado até o estado vizinho.
Tempos depois, Rydl, que até então não tinha nada a ver com a história, solicitou ao juiz Ernani Mendes Silva Filho, da Vara Criminal de Campo Largo, a liberação do dinheiro. Alegou que o valor fora entregue a um dos jovens em Maringá para que fosse levado até Itapema, no litoral catarinense, onde seria utilizado na compra de um apartamento. Contrariando parecer do Ministério Público, o magistrado acatou o pedido.
Quando eu pergunto ao austríaco sobre esse caso, ele nega ter solicitado o dinheiro.
"Muitas pessoas usam o meu nome indevidamente", afirmou.
Essa não é a única vez que Rydl aparece como dono de dinheiro em espécie apreendido com narcotraficantes. Em 17 de fevereiro de 2023, policiais rodoviários federais abordaram uma caminhonete na Br-101, em Itajaí, no litoral de Santa Catarina, e descobriram 330 mil dólares em espécie escondidos em um compartimento falso na carroceria do veículo.
O motorista, Aldo Almeida Régis da Silva, não soube informar a origem das cédulas apreendidas. Disse apenas que seriam repassadas para um doleiro.
A PF, entretanto, já tinha pistas sobre a origem daquele dinheiro, porque policiais vinham seguindo a caminhonete.
Treze dias antes de ser abordado, o veículo foi visto em um galpão de Itapoá, em Santa Catarina, utilizado por uma quadrilha de traficantes como entreposto no transporte de cocaína. Naquele dia 17 de fevereiro, a caminhonete seguira de Praia Grande (SP) até Itajaí.
Quando os policiais solicitaram à Polícia Rodoviária Federal que parasse o motorista, pensavam haver cocaína no veículo, e não dinheiro (a PF supõe que os dólares seriam usados para o pagamento de um carregamento de droga).
Dias depois, mais uma vez, o austríaco apareceu na delegacia da Polícia Federal em Itajaí para requerer o dinheiro. Usou o mesmo argumento que apresentara ao juiz paranaense. Disse que o montante seria utilizado na compra de um apartamento em Itapema. O proprietário do imóvel, segundo ele, só aceitava receber em dólar e em espécie. Rydl apresentou-se como um empresário de posses e, para comprovar sua riqueza, novamente exibiu o patrimônio em ouro declarado em seu imposto de renda. Desta vez, ainda não conseguiu sacar o dinheiro.
Antes de Rydl ser formalmente indiciado por lavagem de dinheiro do tráfico de drogas, entretanto, o juiz Gabriel Borges Knapp determinou o trancamento do inquérito em fevereiro passado, com o argumento de que a investigação "se prolonga de forma desarrazoada".
Quando pergunto a Rydl por que reivindicou esse dinheiro, desta vez ele diz que, de fato, os dólares eram de sua propriedade, mas que não faz ideia de como foram parar com o motorista da camionete.
Em 2018, Rydl decidiu criar um banco. Chama-se Seagar Gold Bank (SCB) e armazena não só o seu suposto patrimônio em ouro, mas conta com clientes brasileiros (são 220 atualmente, segundo ele). A sede do banco fica em meio às águas do Oceano Atlântico, em Seagarland. Para facilitar as transações, o austríaco criou uma moeda, a Eternity, cujo valor equivale a 1 g de ouro. Qualquer movimentação bancária no SCB, como depósitos, retiradas e até empréstimos entre usuários, em ouro físico ou digital (o @cternity), pode ser feita no site da instituição (hospedado fora do Brasil), apenas informando um e-mail. Para o Ministério Público Federal, o Seagar Gold Bank é ilegal, pois toda instituição financeira deve ser submetida à entidade reguladora de algum país, conforme os acordos de Basileia.
Rydl diz ter se aposentado há dois anos da administração do banco, que ele passou para um certo Fernando Uchoa. Pergunto quem é. Rydi afirma tratar-se de um brasileiro que ele conheceu na prisão em Viena, em 2009, e que hoje é apátrida, assim como os demais sete funcionários do banco. Pergunto: "Quem são os outros sete?" Rydl retoma seu mote e não revela a identidade deles "por razões de segurança".
O austríaco diz que a terceirização da gestão do SCA lhe permitiu ter mais tempo para se dedicar à construção de seus barcos. Um deles teria 100 metros de comprimento - mais ou menos um terço do tamanho de um transatlântico - e o formato de um grande charuto, com motor de carro para impulsionar a hélice sob a água e dois motores de avião na proa, para guiar a embarcação. Mas o projeto fracassou. Depois, ele fez um barco menor, com casco arredondado, que ele apelidou de "OVNI", e que acabou virando sucata. De tempos em tempos, Rydl e a namorada saem para um passeio aquático. No primeiro semestre de 2024, os dois navegaram durante várias semanas pelo Rio Amazonas até o Rio Juruá, no Acre, em um barco construído por ele.
Ultimamente, Rydl tem sonhado com voos mais altos. Em agosto passado, quando o presidente Lula avaliava um candidato para substituir Roberto Campos Neto na presidência do Banco Central, o austríaco encaminhou uma carta ao Palácio do Planalto candidatando-se ao posto. Citava sua experiência como "criador de um sistema financeiro estável" em referência ao Seagar Gold Bank. Da distante Ponta do Mel, em português correto, ele escreveu a Brasília:
Me vejo obrigado a concorrer como candidato do cargo de presidente do Banco Central do Brasil para o período de 2025 a 2028 com base no meu talento comprovado na prática, como criador de um sistema financeiro estável. Tenho os pré-requisitos praticamente comprovados para mudar o sistema financeiro existente no Brasil durante este período, de tal forma que crie as condições financeiramente necessárias que possam permitir ao Brasil alcançar uma alta cultura socioeconômica humanitária.
O austríaco não fez nenhuma menção aos sete inquéritos policiais que responde. O Planalto nunca respondeu sua carta. Pergunto então se ele esperava uma resposta positiva. Com um ar de deboche, Rydl diz que nunca esperou retorno do governo. "Eu só quero fazer o melhor para o povo. Isso não tem espaço na política brasileira. Além disso, fui extraditado no governo Lula", diz ele, que conclui: "Então, ele não deve me achar confiável."
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Com a colaboração de Luiz Fernando Toledo, de Londres; Kevin Yang, de Viena; e Nazima Raghubir, de Georgetown, na Guiana.